segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sem título

Despedidas as fantasias
obrigam-se as penas
a dizer verdades
mal vistas
nas quadras que bailam
na dança dos desesperadamente despidos
de esperanças esvaziadas de tudo.
Ninguém louva a queda da espera
pelo que há muito
fora esclarecido.
A falta de ousadia
cala a surdez
instala o absurdo
absolve o que não sabia
da rota raiz perdida.
Renasce a ignorância
à luz do dia
tão clara quanto a sombra
do infinito
es
tri
den
te
men
te
impura.


31.10.2011 - 14h50min

Herança

No ralo da pia
quase no primeiro golpe
a foice acerta o Norte.
Sede.
Meia de seda rasgada
joelho no chão duro
de velas amadurecidas há séculos.
O orvalho fede a cachaça.
Já não se pode buscar quimeras
nem levantar bom testemunho
em defesa das próprias ideias.
A justiça é fumaça de cigarro úmido
apagado na sarjeta dos corruptos.
Construto de veias
e longas alamedas
de incerto destino
a ultrapassado jargão.
Gota que pinga o sal
da saliva da cegueira
de toda uma geração.
Pernas de pau
bambas.
Incensário extinto.
Maldição.



31.10.2011 - 14h37min

Imagem II

Deserto de nervos
secas tempestades de eras
heroicos ventos
trajetos
contos rasgados de trajes
perfeições construídas a dedo


de dama



louca






31.10.2011 - 14h07min

Imagem

Calçadas tropeçam poetas
unhas de fome palavreada
em mangas de camisa bordada de sangue azul.
O passo retido na fonte
toca a ponta do céu da boca
seca de opinião devassa.
À espreita, laços de fita
disfarçam múltiplas intenções.
Um verso não basta
pr'abastecer sombras e fúrias.
Intacto, o ranger da porta
permanece
exausto de assombros.
Pintassilgos riscam linhas
onde verbos pousam assuntos
alheios às espátulas
que arriscam canteiros
e cravejam rubis
de nada.
As entrelinhas leem os olhos
vistas d'outros espaços
espelhos de fibras
e mármores frios.
Já não distanciam jazigos
amarrando cordas
ao longo da planta vingada.
Vincos de nuances
prenhes de pontas mudas
escondem barreiras e vinhos
nas queimadas sendas
da estrofe não tida.
Resvalam poetas nas grutas escuras.
do que fermenta sozinho
do que se pretende desinteressadamente
verdadeiro e
nu.




31.10.2011 - 14h