segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ponto de Vista

"Amor é a gente querendo achar o que é da gente"
Ele aguenta o meu mau humor
sabe que eu adoro café
que assisto algumas novelas
que gosto de livros que ninguém lê
que estudo muito
e aprendo muito pouco
que não sei guardar dinheiro
que falo muito o tempo todo
e que não sei quando calar
que meu palavrão
mais cabeludo
é 'estúpido'
que gosto de chocolate quente no verão
e não tomo sorvete nunca
que odeio futebol de campo
futebol de salão
futebol de botão
e se for do Inter, então...
Ele sabe que eu adoro estar com ele
que quando ele some eu morro
de saudade
de solidão
de vontade
que sempre que tomo café
lembro que ele não toma
que penso no que ele pensaria
se estivesse lendo o que eu não leria
e o quanto de tudo isso eu aproveitaria
ele gosta de rimas
eu as evito
mas de vez em quando
caio no colo de uma delas
e acho confortável
e bonito
só por causa dele
eu copio as frases dele
e fico repetindo pra mim mesma
pra ver se entendo
onde ele quis chegar.
Ele sabe que admiração é pouco
pra descrever o que me vai
no peito, quando penso nele
(esse QUANDO é completamente
inadequado
já que penso nele o tempo todo)
ele mede o tempo sem relógio
e o relógio é meu senhor
ele é mais velho que eu
eu sou mais velha que deus
e esses anos todos me pesam
atrasam
crucificam
a oportunidade
que ele perdeu.
Ou não...
27.07.2009 - 16h24min
"...eu acordo de mal humor não tomo café não vejo novela gosto de livros estranhos não gosto de estudar,
mas gosto de competir não sei ganhar dinheiro as vezes falo muito as vezes não falo nada sou do tipo chato,
raramente me permito falar palavrão...rs gosto de sorvete no inverno e não perco um jogo do inter..." (TI, em 27.08.2009 – 16h)

Pensamento

À mesa de trabalho solto meus punhos escrevo sem sentido e sem sentir carrego meu mundo saco de vento e letra hermeticamente fechados. Os fios de encaracolado negrume despencam pelos ombros querendo voar. Querendo vaiar o tempo cumprimento a orla e o estribo; estreito as vias das veias e as velas são formigas companheiras que eu não deixei de arranhar. Desintegro a mão apertada na cintura e o espanto de pontas e prantos é produto dos ponteiros frios que aplainam as prateleiras dos panos de prato que destruí de tanto esfregar. Reedito minhas opiniões quantas vezes forem precisas. Navegar é preciso, diria Pessoa; impreciso é navegar, diria eu tanto quanto o é, viver. Variar estações e o tapete estender de flores às provocações; coisa de hospício e de delirantes vestimentas que assumo nos meus dias como se minha cara tivessem; como se minha cara teriam. Desmaio na tentativa. Corrijo o que carrego. Corro morro acima. Corroo minhas tramas. Coroo meu próprio medo. Sem ele não dou passo nem possuo. Sem ele não obstruo. Sem ele não obturo a pena nem ocupo o lugar que me é devido. Bem ou mal ele existe. O meu lugar. O lugar vazio. 21.07.2009 - 13h51min