terça-feira, 28 de agosto de 2012

O mores!

Não sei viver de horas vagas
d'instantes roubados
de frestas nas portas.
Não sei viver de restos
ou rostos distantes
talvez libertos
mas pouco dispostos.
Não sei colar quebraduras
inventar conjecturas
e fingir que está tudo certo.
Eu não sei ser só metade
nem só parte da parte
da décima parte ter.

Eu sou de extremos
de todos os tudos ou nadas
de entregas mais que totais.


Mas quando meu laço se rompe...

... também voo inteira

os nós não existem mais...

Novelo

Atei um nó cego
no meio da garganta ardida
confessei mudez diminuta
parti à sombra descoberta
cismei imensidões malditas
invadi privacidades propostas
cortei puseiras coloridas
tateei caminhos e pausas
pontuei falhas nas pautas
afastei cuidados feridos
precipitei respostas falsas
acendi centelhas ardentes
fagulhas de lavas duras
caí doente de cordas
nuns versos reticentes
que libertaram fantasmas
e inventaram penitentes.

Ateei um nó cego
no fogo d'agulha da hora
haikai que fosse insistente
do verbo que a mim não foi dito.

De passagem

Tudo é passagem.
As pertenças são miragens
e os orvalhos salivas
d'esquecimento.

Nada permanece.

Ilusórias vertigens
descobertas breves
nas arestas das horas
que se esvaem.

E o tido em não-tido se fecha.
O ciclo completo do arbítrio
nas frestas a esmo distrai.

Nada se vai
mas tudo termina
no exato ponto
do mesmo começo

que passa...