sábado, 8 de agosto de 2009

Iguaria

Caviar? Ova de esturjão, isso sim. E sabe ser bom... 08.08.2009 - 17h19min Não é poesia? Porque?

Proporção

O mundo da minha infância
era largo e intangível milagrosamente enorme maior que uma bola de neve maior que uma tempestade. O mundo da minha infância era azul e leve bola de sabão intraduzível inalcançável espaço físico. O mundo da minha infância diminuiu... Cabeça de alfinete é o mundo da minha maturidade e eu confesso que preferia o antigo; naquele havia mais poesia... 08.08.2009 - 15h18min

De poesia e de criança

Só a poesia
e a criança
me fazem acreditar
que tem jeito.
Que tudo tem jeito.
Que tudo dança.
O resto me assusta.
O resto me entedia.
O resto é assunto pra outra instância
que eu não entendo
nem pretendo.
Só a poesia
e essa criança
o resto eu dispenso.
08.08.2009 - 15h
*Foto: minha filha

Brotoeja

Gosto de papéis amassados
reticências
e coisas antigas ...
Brotam poemas
brotos de maçã
batatas palha na folha
amassada
descartada
no canto da mesa de trabalho
onde ninguém se debruça
há anos-luz.
Reformas nas paredes da sala
e a continência dispensada
por saber que é sábado
dia de faxina na casa.
Papel de bala na cabeceira da cama.
Lâmpada apagada.
Digerida economia.
Suspeita pairando no ar:
quando é que o peito deixou de bater?
Não sei...
Não sei...
08.08.2009 - 14h32min

Absurdos

E se essa chuva tiver gosto
de bala de hortelã
na boca de uma (in)tensa manhã?
E se a tarde tiver incenso
cobrindo a avenida nua
e a rua orvalhada não der um passo
nem um martelo nem um sussurro?
E se a árvore da vida
jamais nascer de fato
e o cabo da vassoura
virar um grande retrato
no embrulho de presente
que esqueceram de oferecer?
E se a chave não couber na fechadura
e não houver outra saída
além da abóbada terrestre
onde os ETs estão de partida?
E se o bruto virar padre
e o cabelo abrilhantar o escuro
na pretensa despedida
de um sem terra ou sem estudo?
E se a proposta não passar de acaso
e o orgulho não cobrir o rasgo
feito no lençol do abuso
quando o gasto e o absoluto
simplesmente passarem da medida?
E se a conta e a perfeição
forem irmãs da conversa
e a discussão disser que não interessa
o fio da navalha estendida?
E se tudo não passar de um grande erro
ou de um tropeço
de um soluço
de um começo?
Que começo?
O começo do absurdo?
08.08.2009 - 14h15min

Amanheceu

Folgo em saber que a noite se fez dia. Dia chuvoso, é verdade. Dia triste e frio, é fato. Mas dia. Mais dia. Outro, depois da noite escura. Quantos ainda estarão por vir? 08.08.2009 - 14h05min

Ser ou não ser

Ser ou ser não há opção. Nenhuma outra escolha nenhuma alternativa correta ou não. Ser É ser. O QUE é que é a questão. 08.08.2009 - 13h59min

O Tudo e o Nada

Fera assumida desfaçatez no disfarce assola os tais dias cheios de nada mesclado a nada. É ocre a tez da noite. Lágrima engolida atravessada na garganta: câncer. A crise solta as amarras e o polvo dá cria. A prostituta gargalha uma gutural alegria. Perdidos os escritos o poeta se perderia? E o que há de comum naferananoitenocâncer nacrisenopolvonaprostituta nopoetaesuasembolias? Tudo. 08.08.2009 - 13h10min Para Sartre e Quintana; o que eles têm em comum? Tudo!