sábado, 5 de dezembro de 2009

Passageira



Ponho à prova o que construo
hoje é quase ontem
e meu ponto de partida
mora no ponteiro que não pára
nem toma fôlego
um instante sequer.
Hoje é quase ontem.
Importa guardar lembranças
recortes dos minutos que passam
que se transformam
em outros suspiros.
Talvez...






05.12.09 - 23h28min

Mensagem

Propositalmente distorço as atenções
e as tensões são espectros inofensivos
frutos de divagações e meditados instantes.

O status quo não me interessa.
Só teus meios sorrisos e teus orvalhos
teus estudos teus orgulhos teus olhares diários
tuas importâncias e tuas iluminadas transcendências.

Tranço a sorte entre os teus dedos
cruzo os meus e te acrescento ao meu rol
de duas pessoas minhas.

As duas que eu quero aqui
pra hoje, pra depois e pra além
de tudo o que conheço
e tudo o que pretendo, ainda, viver...





05.12.09 - 23h

Azul




Azulejo a vida
a tinta eu mesma faço
misturo minha poesia
co'as alegrias com que me brindas
todos os dias
em que teus dedos me dizem
o quanto TI quero aqui..







05.12.09 - 22h34min

Tempo




Dança na pele branca
a lâmina quente da palavra
na fervura arisca do meu peito
teu hálito perdido na teia
de amor desfaço as bainhas
das cortinas do tempo
tatuado nas linhas do meu rosto.
Arrastam os chinelos os dias
e o sol passeia os dedos de raios
no alvo invólucro de mim.
Marcam-se dobras na epiderme
indeléveis testemunhos da idade
manchas apagáveis à vista
inesquecíveis à alma.
Perdão.







05.12.09 - 21h33min

Suspensão


Nas canções que não ouço
gravo os acordes que não conheço
e arrasto as impressões nas teclas
de uma tradição inevitável.
Embalo os brotos de lua
e os gomos de nuvens me prendem
aos laços de plástico
aos degraus dos pacotes
que arrumei na porta da rua.
Navego.












05.12.09 - 19h02min

Descanso



Levanto da cama feita
expresso minhas linhas
sem  longas jornadas
ou vazios de estrelas.
Fecho as janelas e
limpo as vidraças
ouço os ninhos
os arbustos
os trilhos.
Argumento.









05.12.09 - 17h