domingo, 23 de dezembro de 2007

Votos

Que a boa sorte tome conta de todos os cantos da sua, da minha, das nossas vidas. Que haja sempre alimento para a criança que há em você... 23.12.2007 - 22h04min

Condição

Amor só se for pra toda vida os descartáveis já sei já conheço, experimentei. Têm gosto de feriado são vermelhos, são doirados (e desbotam na primeira lavagem: borrados). Amor só se for pra vida inteira com jeito de alegria faceira com cheiro de canela e mel. Cordas com nó de marinheiro e sensação de navegar no céu. Amor só se for pra entrega inteira só se for o teu e o meu entrelaçados na estrela de um primeiro e sempiterno amanhecer... 23.12.2007 - 22h

Hoje

Amanhecer é o primeiro passo do dia. Caminhar é não-morrer. 23.12.2007 - 11h13min

Silêncio:

agudo grito que fere. Quando prolongado, ensurdece. Quando insistido, pode matar. 23.12.2007 - 04h04min

Insana (idade)

Escrevo versos compulsivos num sem-sentido insone crescente sou aspirante a hospício e visto fantasia de enfermeira pra pular o muro e sorver a liberdade num copo de gelado suco de laranja. Na escuridão da madrugada escaldante apimento a letra firme com pitadas de suor, gratidão e lascívia. Tuas flores enfeitaram meu jardim. Tuas fantasias provocaram convulsão. O dia não veio. Revolução... 23.12.2007 - 04h

Noite

É a noite que dorme, não a gente. A gente capota, cai duro, desmaia. A noite descansa da gente. E a gente sonha que a noite é princesa diária, suave melodia. Mal se sabe, sequer se sente que a insanidade ronda o presente e que a maldade da noite é justamente essa: a de mentir pra gente. 23.12.2007 - 03h49min (...tudo pronto pra dormir, mas ele não vem. O sono...não vem...)

Enquanto a noite dorme...

Entrego-me sem falso pudor ao ofício da escritura. Escrevinho, rabisco, conserto, apago, desperdiço, produzo ranhuras, lapido, rasgo, aborreço. Sou função de escrita dupla. Não tenho mais nada além da folha pacientemente desvirginada. Abro mão do direito de não surtir efeito sobre os teus pêlos. Arrepio tua pele. Alcanço tu'alma sedenta da força vital do verbo cru. Não sou poeta. Costuro ânsias e alegrias na folha, antes vazia, agora plena de sentidos. Tu os tens. Tu os fazes. Tu te aproprias dos significados, como se a ti fossem dirigidos todos. Não sou poeta. Escrevinho emoções entrelaçadas de versos, costuradas com agulha de tricô que herdei da avó materna. As letras, confesso, roubei das conversas alheias dos amigos que me contam as histórias de tempos idos as memórias de baús antigos. Roubei do baú de tesouros da minha infância primeira. Roubei da gata borralheira que era princesa e não sabia. Roubei de ti, pequeno príncipe, e desse teu olhar que eu não sei se é de luar ou de bola de gude. Roubei de mim, pra colar aqui e deixar assim.... 23.12.2007- 03h14min (Quem disse que insônia é ruim???????????????????)

Enredo

Escrevo. Sou torrente de nervos. Sou aço, sou algodão. Sou pena firme de tinta azul ou vermelha depende o time depende a ocasião. Lê o que desenho no verso sem rima que te proponho agora. Não assustes as andorinhas no quintal da casa ao lado que elas trazem bom presságio de um amor que vem virando a esquina e traz acordes vários no acordo assinado em branco que antevi e cantei durante o sono. O sino toca ao longe. Escrevo. 23.12.2007 - 02h42min

Improviso

E dei pra poetar nas horas mais imprevistas nas mais improváveis nas mais imprecisas. Dei pra fazer versos debaixo do chuveiro, no almoço, no banheiro, no ônibus, no meio do caminho onde não tinha uma pedra mas tinha um papel pra eu rabiscar um verso e brincar de ser Drummond. E dei pra poetar no meio de uma conversa vadia fazendo uma simples gargalhada virar a mais doce poesia. E toda essa tal poesia invadiu as horas as noites os tropeços. Toda poesia arredou as cadeiras do sossego e trouxe rimas e sonetos e amores vários. Toda poesia se fez pó fez-se bela tocou dó fez sinfonia na letra da sopa no prato fundo do meio do meu dia. Transformou-se em canção oração avião que voou e foi pousar lá nos teus laranjais... 23.12.2007 - 02h28min (... velo o sono de um pequeno príncipe, que dorme tranqüilo, debaixo dos laranjais...)

Justiça...

O sono dos justos enquanto juntos é sono profundo que segue a queda da exausta luta dos corpos no amor. O sono dos justos justamente juntos é sono de pena de finda energia dos membros no amor. Ajusto a cabeça no travesseiro do teu peito. Entrego o amor. 23.12.2007 - 01h42min

Superlativa

Sim, tudo em mim é muito. São intensas as minhas alegrias. Intensa minha dor. Intensos meus amores. Intensa minha vida inteira. Os meus dias. As minhas relações. Meus olhares. Desafetos. Dissabores abertos. Meus errados, meus certos, meus ais, meus tais apertos. Tudo em mim é mais: o que falta o que eu chamo de raiz o que há na paz. É nisso que aposto é disso que gosto é do que preciso. S U P E R L A T I V A ! 23.12.2007 - 01h35min

Laranjais

É tão doce permitir-se... Se a dor vier, que seja. Antes dela, no entanto, a alegria de saber-me exausta de sorrisos. Não atento para o tempo. Não me atenho na hora. Não me limito na letra. A linha que sigo está em mim. O ponto que busco, onde? Talvez além-montanha. Talvez além-convenção. Talvez além-talvez. O passo dado não mede d i s t â n c i a . O passo tido não pede c l e m ê n c i a . O passo dito não mente d e c ê n c i a . O passo-a-passo não cede e não se arrepende. O ocaso do passo, um pente-fino no medo... Andemos, então. Tu e eu, a passos largos. Laranjais... 23.12.2007 - 01h28min

Desenhos de mim

Era eu. E não me dei conta. Era eu. Estava ali, representada nas linhas nas curvas nas exuberâncias todas. Era eu. E não me percebi. Talvez ainda não tivesse olhos de ver além do visto. Talvez ainda não devesse ver. Mas era eu. Sempre fora. Eu. O traçado preciso. A postura. O porte. O risco. Eu. A atitude era a minha. A pose a que eu fazia. A posição a que estava em mim. Era eu. E não me percebera em mim. Ali, no desenho que me fiz. Eu. Aos 46 minutos do dia 23.12.2007