sábado, 14 de junho de 2008
Não cantarei
Eu não quero mais cantar o amor
amor não é pra ser cantado
sequer vivido; amor é noite escura,
é pra ser dormido.
Eu não quero mais cantar a paixão
paixão é pra ficar quieta, muda, perdida
num canto qualquer de solidão.
Eu não quero mais cantar o riso
riso é soluço que de repente escapa da gente
e não tem mais como controlar.
E falta de controle é um perigo!
Vai que a gente não encontra
o caminho de volta
e não volta nunca mais?
Ah, não. Eu não quero mais cantar
o amor
a paixão
o riso.
Eu quero cantar...
(... mas, sem eles, o que sobra pra cantar?)
14.06.2008 - 21h48min
Vendedora de mentiras
Escoam entre meus dedos os fios de esperança
que um dia acreditei eternos
eternidade é um ponto obscuro
nalgum lugar perdido de mim;
um dia sonhei que o mundo era menos duro
que o sol pra todos brilhava
que a alegria estava ali, o tempo todo,
era só tomar posse. Simples assim.
Nada.
O sol aquece quem tem amigos influentes.
A alegria existe pra quem
tem maior habilidade de enganar.
Pra quem alcança a maior cota de mentiras
estipulada no início do mês,
entre os fingidos de plantão.
Entre meus dedos,
o último fio de esperança
insiste em se agarrar
à pele quente da minha mão.
Mas eu não quero.
Eu não creio mais.
Num sopetão, me livro dele.
Pronto.
Agora sou igual.
13.06.2008 - 22h17min
Permanência
Inventei minha própria caricatura
cortei todos os meus exageros
varri as verdades pra debaixo do tapete
e ateei fogo à casa inteira
- melhor cortar o mal pela raiz -.
Depois virei as costas e parti;
não guardei migalhas na lembrança
nem ais, nem papéis de chocolate vazios.
Não comprei briga com a realidade
nem paguei pedágio pra ilusão.
Fiz plástica nas cicatrizes todas
pra não ter vestígio de dores.
Arranquei do peito o coração;
dói um pouco,
mas dor é coisa que dá e passa.
Ando vazia desde então.
E descobri que essa é a melhor forma
de permanecer...
14.06.2008 - 14h
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