e cego a foice.
Liberdade é imperativo
pra quem sabe amar.
Abre as asas e voa.
Que os Oceanos não te sejam
obstáculos precisos
ou motivos suficientes
pra impedir-te do teu vôo alçar.
Cego a língua
afio a foice.
O cordão não é elástico
é preciso cortar.
Voa teu vôo livre.
Não te seja meu afeto
algema
que te impeça de permaneceres
no ar.
Vai.
Qual Menotti, voa e canta.
Diante dos teus olhos
o infinito.
Um mundo inteiro
a conquistar.
Vai, voa, e canta.
Constrói tua estrada
que o trem já vai passar.
Corto a língua na foice
afrouxo o nó.
Liberto.
03.05.2010 - 04h17min
Goza a euforia do vôo do anjo perdido em ti.
Não indagues se nossas estradas, tempo e vento,
desabam no abismo.
Que sabes tu do fim?
Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre
para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão
se pressentires que amanhã estarás mudo
esgota, como um pássaro, as canções que tens
na garganta.
Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desce que nasceste não és mais que um vôo no tempo.
Rumo do céu?
Que importa a rota.
Voa e canta enquanto resistirem as asas.
(O Vôo - Menotti Del Picchia)