terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mortalha

Voo pela sombra. 
Esfumaço os telhados . 
Inconscientizo-me. 
Amanhã? 
Não sei...






01h58min - 26.10.10

Nenhures


Socorro meus brios
no único piscar do minuto
pertencente ao que de mim
não é meu
nem aqui descansa.
Absolutamente resolvida
desligo minhas culpas
e sigo em frente.
O sol queima as retinas do dia
desloca as sombras pra longe
revigora os perdões
que evitei de contar.
Encontro um portão de ferro
viajo num sonho perdido
povoo os cantos da casa
reconstruída pela metade
demolida em um mês.

Respiro.




26.10.10 - 01h39min

Ceia





Dos meus cacos
recolho as sobras
e as colheitas fartas
excluo as bocas e os olhos
remendo as costuras
e os passos mal feitos
e os mal amados, tanto faz.
Se não passo o falso
também não possuo.
Disseco a palavra
e não digo nada
além do silêncio que grita
minhas rouquidões
e meus estados de consciência
turva
táctil
texturizadamente fértil.
O assovio  não descreve
a decência que desconheço.
Desço as escadas
da forma
e da fortuna.
Questiono discernimentos.
Consumo estradas
conheço esgotos
conservo meus muitos nervos
nas pontas dos dedos medrosos
que cavam buracos na lua.
Sem Amanhã
resta-me Agora
o fino fio de instante
que cala a sádica matraca.
Sem prévio aviso
o céu da boca seca
i
n
ce
n
d
ei
  a.




Aos 48 minutos do dia 26.10.10