sábado, 5 de abril de 2008

Graham Bell


Depois do acidente, o orelhão,

a meio caminho de espatifar-se no chão,

sugere um pensamento:

Que comunicação é essa, que estilhaça

os vidros e não desvia das linhas

cruzadas entre a razão e a não-razão?

Que vida é essa, que pouco vale

e vale pouco menos que um cartão

que se gasta na primeira ligação?

Que sonho tão curto,

que se quebra numa esquina,

aos pés de Bell?

Pra que lado fica o céu?






05.04.2008 - 19h13min
(Será que é no lado de dentro?)

Brrrrrrr......


Amendoim, pinhão na chapa, fogão à lenha,
blusa de lã, cobertor, meia grossa, bota de cano alto,
cachecol, touca, aquecedor, chocolate quente,
chocolate em barra, pipoca, batata na brasa.
Da boca, saindo fumaça de frio. Luvas, batom vermelho,
churrasco, fogueira, cantoria, gripe, espirro, espiriteira.

Ah... Inverno bom. Chuva e cerração de manhã cedinho.

Vontade de dormir até mais tarde. Quem não sente?
Casaco pesado, polainas, montanha de edredons na cama.
Pantufas de bichinhos. Pijama de flanela. Sopa quente na panela.

Ah... Inverno bom...
Outono foi sopro breve, secou as folhas, despetalou os galhos.
Outono é só convenção na folhinha.
E o frio vem depressa, conserva meu riso,
conserva na despensa do meu velho peito
a certeza de que o dia amanhece
e de que a vida se renova, sempre.
Debaixo de geada, vem novinha,
saudar a alegria que se inicia.







05.04.2008- 19h04min