sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Diário

Assovio triste canção de dó
assumo as certezas inexatas
dos paralelos escolhidos
e das esferas lisas encontradas
nas solas dos sapatos novos rotos.
A remissão que não espero
aguarda por mim debaixo da porta
do quarto vazio de estrelas.
Imediatamente os atalhos dos eus
cobrem-se de heras
e de gratuitos espetáculos insanos.
Rotineiramente arrombo as histórias
e roubo frases pensadas
pelos meus outros ais.
Atrás dos espelhos os filmes
e os poemas únicos
as baladas antigas
e os badalos dos sinos
das demolições e dos medos.
Ameaçam as honras as horas dobradas
a dor no estômago quebra-me o corpo
e a alma é fugitiva dos sabores ocres.
O culto ao anonimato
faz namorar a indiscrição
e a chuva já não lava a alma.
Esqueço a quentura do sol.




11.12.09 - 22h47min

Nada

Ainda escrevo como sempre
(e 'sempre' é tão longo às vezes!).
Ainda escrevo com caneta de ponta fina
em agenda antiga vazia
comprada especialmente para versos
rabiscados
rebuscados vocábulos
nunca suficientes
(e 'nunca' é tão longo às vezes!)...

Escrevo insuficiências.






Aos 11 minutos do dia 11.12.09