terça-feira, 28 de agosto de 2012

O mores!

Não sei viver de horas vagas
d'instantes roubados
de frestas nas portas.
Não sei viver de restos
ou rostos distantes
talvez libertos
mas pouco dispostos.
Não sei colar quebraduras
inventar conjecturas
e fingir que está tudo certo.
Eu não sei ser só metade
nem só parte da parte
da décima parte ter.

Eu sou de extremos
de todos os tudos ou nadas
de entregas mais que totais.


Mas quando meu laço se rompe...

... também voo inteira

os nós não existem mais...

Novelo

Atei um nó cego
no meio da garganta ardida
confessei mudez diminuta
parti à sombra descoberta
cismei imensidões malditas
invadi privacidades propostas
cortei puseiras coloridas
tateei caminhos e pausas
pontuei falhas nas pautas
afastei cuidados feridos
precipitei respostas falsas
acendi centelhas ardentes
fagulhas de lavas duras
caí doente de cordas
nuns versos reticentes
que libertaram fantasmas
e inventaram penitentes.

Ateei um nó cego
no fogo d'agulha da hora
haikai que fosse insistente
do verbo que a mim não foi dito.

De passagem

Tudo é passagem.
As pertenças são miragens
e os orvalhos salivas
d'esquecimento.

Nada permanece.

Ilusórias vertigens
descobertas breves
nas arestas das horas
que se esvaem.

E o tido em não-tido se fecha.
O ciclo completo do arbítrio
nas frestas a esmo distrai.

Nada se vai
mas tudo termina
no exato ponto
do mesmo começo

que passa...

domingo, 29 de julho de 2012

Carpe Diem


Não pontuo
aponto um nó
nos anéis de Saturno
nas mecânicas complicadas
que descascam laranjas
misturando angus
ponto e vírgula
mais do que suficiente
para o mistério
do meu riso
-
o mesmo que nada contra a corrente
e enterra meus dedos
nos fios
dos cabelos
dele.

Interior






Ar
doado
sem dó
adorado
o mar
lido
peregrino
amor
;

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Correntezas




E se de versos bordo meus caminhos
é  que d'espinhos às rosas declamo
feito aramados de rendas
vazados de grandes pomos
pombos acinzentados
que sobrevoam colheitas e afins.


terça-feira, 24 de julho de 2012

Fragmentes




Perdida a trena
perco a mão da medida
des
medida
a mente experimenta
um toque de alcaçuz
na ponta da língua
e o elemento que falta
pr'alcançar a medida exata
é o verso
sem vírgula
ou ponto final
talvez só a desistência
do que foi aclamado
no vão da hora pedida
nas cartas molhadas
de suco de manga
de camisa
marcadas de riso
lapelas vermelhas
de batom abatido
pontuação devidamente
tida
campanha no grafite
grifado de centímetros
por metro quadrado
no armário oferecido
onde ninguém dorme
impunemente


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Alforria

Há mordaças e viseiras
nas esquinas
de cada rua
do lugar.
Há documentos que obrigam
o uso compulsório
de cada acessório
que o rei mandar.
E ameaças
perambulantes de
extenuados zumbis
com olhos de sangue
esfomeados
por cérebros sadios.


Ali, a liberdade é só uma palavra presa entre as capas de um livro qualquer.


(Mal sabem eles que o mesmo livro onde pretendem manter presa a liberdade
esconde a força da revolução
mal sabem eles...)







Mês um


Quando
num repente
a linha de um
cruza
a vida do outro
traz na bagagem
a ímpar sensação
de ser único
de não haver qualquer corpo
que tão bem se encaixe
mais saborosas formas
que as formas
do cheiro "loro" dele
nas formas
do cheiro negro dela.






Peleia

Aposto minhas fichas
no dia que há de vir.
Deposito expectativas
que me valem
a cabeça a prêmio
em bandeja de prata antiga
d'estrelas vermelhas pintada.
Mantenho os pés firmes
e a atenção redobrada
nas desigualdades multiplicadas
pelo desespero evidente
do adversário
que ruge
esperneia
e se debate
ante a clara e inegável
possibilidade
de perder o cetro
para as grades.

Sal da terra




Se o povo perde a língua
na lâmina fria
da espada do rei
inda lhe sobram os gestos
e tudo que escrito se lê.
Os escravos
um dia se revoltam
pois que eles também votam
e seus olhos sabem ver
a mentira estampada
no papel que nega a chibatada
e nega a forma da lei
que reza a expressão livre
na boca
no livro
na opinião manifesta
de que nesta terra sem sal
tudo acaba em pizza
paga com cheque viciado
UPAda em maca fantasma
esburacada na via principal
das promessas quebradas
que o trono
pretende obrigar a esquecer.
O próprio tronco
onde os falantes são erguidos
GRITA
os abusos dos governantes.



(E se eu, peixe pequeno, morro pela boca,
o ditador, pela urna será deposto).




domingo, 8 de julho de 2012

Dura-dita

Renascem metáforas
que apontam ao óbvio
quanto à boca é proibida
a palavra pura
que mostra o que se vê.
Pois que os palhaços
tomem as ruas
nos circos armados
do que se deixou de fazer.
Promessas quebradas
disfarçadas com band-aid
silicone
cuspe
e matérias pagas
que rolam nas mãos
aparentemente mal informadas
mas que sabem bem
onde vai doer.
Há zumbis que fingem ser
no espetáculo milionário
santos do pau oco
amigos do inda que tarde
ditos duros

femininos.



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Um canto

Ter um trocado
um metro quadrado
uma janela
onde debruçar os olhos
e esfriar bolos de milho
bons de cheiro e
paladar apurado.
Balcão de pia
fogão à lenha
escada de corrimão
e um prato feito
de arroz e feijão.
Coleções de experimentos
consertos de instrumentos.
Nos fins de semana,
bolinhas de sabão.
Nas paredes de tinta
os retratos à mão.
Nada que impeça o riso
que proíba a dança
que insulte a paixão.

O tempo não é dinheiro
nem o direito à liberdade
só mais uma condição.

Perpétua

Eu dato meus ditos
assim formato a história
dos meus vividos
- ou dos sonhados
tanto faz
ambos são meus -.
Sou imune a lembranças que ferem
inda que tenha
vez em quando
que a elas voltar.
Escrevo nas margens
dos marginais atritos
e atribuo as vitórias
à mudança das marés
em dias de lua branca
e em pétalas de margaridas cheias.
Carimbo meu sangue
nas bordas da folha
agora carmim.
Espreguiço olhares
nas dobras de um papel
marfim.
Que fiquem os tais ditos
té depois que eu vá...

Fatalidade

O dia improvisa
um não-sei-que
inacabável
incabível
no curto espaço
do voo de uma ave
té a boca
de um precipício

que não cai...

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Amiúde

Os pulsos
cravejados de digitais
apetecem jazigos.
As primeiras folhas
dos dicionários
não tem sentido
nem tato
nem olfato
nem libido.
Palavras pescadas
à esmo
semanticamente poetadas
nas contrações
do parto-texto
insistem em descrever
obviedades estranhas
argumentos aparafusados
uns nos outros
gêmeos nem um pouco
idênticos
identificados instintivamente
na cor da íris
falsa.
São sete
os dias do mês
que manquejam em
coxos períodos irregulares
e as conversas paralelas
esperneiam anuências
como se delas desprendessem.
Ledo engano este
que depende de saborear o petisco pobre
feito carvão dormente
em mão trêmula.
Entre as quatro paredes do camarim
emolduram-se os próximos
discernimentos
cambaleantes desacatos
nas vidraças escuras
protegidas de películas
e desperdiçadas energias.
Salvam-se os sonhos
desses que são snhados
sem tentativa alguma
na encruzilhada burlesca das horas.
Os fundamentos
afundam-se
na frustração recém sentida
e inauguram
uma nova estrada
d'onde a fuligem escapa
e a fração de segundo
é a única sentença exata.
De imutável
basta o sarcasmo da vida
dividida em carcaças e
libertinagens.

Haja rascunhos...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Psicose

 *Baseado em fatos reais...




Quebra o silêncio
a voz sozinha
no corredor vazio.
Instrumento de sopro
canta impropérios ao léu
alheio às necessidades dos outros que
quietos
suspeitam os delírios mil.
É só mais um na estrada
invisível aos videntes
que se mostra à força
e força engolir a presença incômoda.
De um jeito ou outro
haverão de sua existência
saber-lhe
nem que seja aos gritos estridentes
nem que seja
rasgando o sangue deles.

Paredes

No espaço que habito
as órbitas são irregulares
é sempre hoje-agora-aqui
um ínterim de minutos
evaporantes e carmins.
O diminuto estreito
que a mim cabe
tem transbordos de flores
querubins no estrado
e violinos líricos
por todos os lados.
Não há espelhos
- nem mães d'água -
mas peles nas janelas
e pétalas de rosas nas escadas.
As quatro paredes que são minhas
guardam-me os sonhos
tesouros alados
moedas de versos
verbos escravos.
As preferências latejam primórdios
e os pontos dos 'is'
dançam
sem pares estreitos
nem estranhos compassos
ou claves de sol esparsas
só um rastro do astro rei
cortando a nota
- ríspido giro de braço -
e um si bemol
sem resposta.
Entre um ponto e outro
do que não me sobra
há fagulhas e vertigens
pintadas unhas de virgens
e abraços que desconheço.
Longos poemas escorrem
de gavetas
nas parede de pedra e cimento
onde moram-me os fantasmas todos.
Os mesmos
de quem eu roubo
os pensamentos.

Lumina

Conto os passos
até o limite
dos suspiros
que suspendo.

Pêndulo intermediário
dependurado no globo
que eu não quebro
nem trafego orvalhos.
As horas são exageros
metáforas injustas
d'insuficientes haveres
brotoejados de murmúrios
e melodias confusas.
Gotejo olhos mudos
e os medos imitam coragens desnudas.

Conto os passos
até o limite
dos suspiros
que suspendo.

Transito errante
té o começo....

Acendo-
-te.



Uno

Sorvo teu tempo
em goles de copos
pequenos de licor.
Na tua boca úmida
de desejo e calor
arrepio-te a nuca
eriço-te os pelos
e apelo para os teus olhos
- verdes -
maciços de vida
impressionantemente profundos
- e meus -.



sexta-feira, 22 de junho de 2012

Culpado!


 O que eu vejo em ti?
Os versos, que ÉS.


A culpa é do cupido
a rara vez do acerto
o incerto circunspecto
de repente É
a flecha certeira
cria raízes
no ventre
pelas veias dele
e os olhos verdes
ficam
nas teias dos desejos
atrelados ao gozo
de saberem-se inteiros
nas horas galopadas
sem culpa ou contrato
que não as mãos unidas
no romance absoluto
entre a alma
e o coração.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Festa

Sobre as cinzas derramadas
difícil gotejar licenças
antes estender adagas
e indagar lampejos.
Sob o verniz do lustre
as argolas gritam estalos
e a divisão inexata
flui abelhas e sentidos
coincidentemente azuis.
Teu verde olhar
amarra enfeites 
no meu.
Festa diária
d'algum deus
louco de sede
tonto de paixão.

Caminhada

Os laços crepitam
num universo poderoso
de fogos internos
e desejos exatos.
Há mil razões ensolaradas
nas horas de risos
e toalhas penduradas
no varal colorido.
Sem luz de dúvida
as mãos dadas acenam
improvisos e frutas cítricas
- leves cargas de brilhos -.
Soam sinos de luas
 e os lances aumentam as medidas
nos pratos carentes de tempo
abundantes afetos.

Sensual

Enumero as expressões
que espreitam os dias.
Atenta aos sinais
inauguro fantasias
e eximo de culpa
as unhas
que encravam
na tua carne macia.
Mordo
o instante
sugo
a tua companhia
como quem
num banquete
prova o vinho proibido
e se farta de alegrias.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Contigo


.
Porque entraste na minha vida
pra seres mais que especial...

 


Teus olhos verdes de floresta
no céu dos meus azuis
plantam festa
prateiam os espaços
embalam os sonhos
que vivemos juntos
e os que haveremos de construir.




.










Semente

Conforme as tintas
os laços aprofundam
as semelhanças dos ritos.
Sonho em minutos
os estremecimentos que não pinto.
Aperfeiçoo a rasura
e dissemino
a distribuição das vírgulas.
Vigio as saídas
e o neon cega as entrelinhas
rompendo as águas
apertando os nós
das luvas de pelica
no mesmo instante
em que o truque
se descobre inútil.
Emocionante.

Conjugação

As respostas
estão suspensas
té que a ordem escolhida
conjugue os pontos
de indefinição
no tempo exato
do verbo irregular.

Meios

À primeira vista
o poema acarreta
inconformadas reticências.
Os acessórios mínimos
elaboram típico luto
e a condição do meio
é quase assumida sem culpa
não fossem os pontos desconexos
das tintas desbotadas
nos limites expressos.
As alças voam
cartão postal
vivo de cores
e instrumentos de tortura
medieval.
Perfume de jasmim
emprestado à tiracolo
debaixo de casacos mil.
Os cascos das horas
batem no peso seco
espatifando
a relativa calmaria.
Sem opção
voam as folhas ao vento
o tempo descarrila a hora
e eu me perco
nas definições que alimento
e masco a corda
do começo.
Impressão.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Enquanto o agora ainda é SIM

Se o cansaço me toma o fôlego
e o começo é só desculpa
pr'essa outra encarnação
atravesso os  muros d'espátulas
e as discrepâncias do que me assusta.

Aventuro-me por ânsias
e lustras repetições
de todas as coisas já ditas
de trás pra frente reconhecidas
e tão novas
e tão macias
e tão feitas de algodão.

Pra viver...

"O dicionário não tem assunto"
faz sumir as somas moribundas
vagueia espaços, os poços profundos
se fosse como esse, aquele incerto vocábulo
substituído por múltiplos vultos
não estaria cá eu na filosofia
contando os minutos
cantando coquinho
catando minutas nos contatos
dessa minha quase-conquista.
Ideologia
eu quero uma...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Água na boca

.
Eu não mudaria nada em ti...


Ai
vontade dos teus olhos de beijo
da tua voz desnuda
na rouquidão do movimento
in-tenso
tua pele de rumores
e obscenos desvios
suada de esforço
e prazer
meu delírio mais louco
exaustão de experimento
surpresa no amanhecer.

Suspiro e gemo
o gemido dos satisfeitos
-desacomodados satisfeitos-
que sempre querem mais
e tu respondes
desse mesmo jeito
acrescentando um tanto
de pimenta
e me prendendo
entre as tuas pernas
e dentro do teu peito.



.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Vim... vieste...

.



Desinformo a regra
o começo foi flagrante
nada há que desacredite
teu peito arfante.
Desatrelo a norma
infrinjo o que me acusa
esqueço a argola
quero o que em ti pulsa.
Inexistente é o passado
pesado arremesso
de letras marcantes
na surpresa
de me teres aparecido
exatamente
quando mais te precisava
quando de ti
eu tive fome.



.


"Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
(...)"
(Olavo Bilac)




Por seres essa pessoa corajosa, que não tem medo, nem de viver, nem de ser feliz.


domingo, 10 de junho de 2012

Azulejar

 Roubo o azul do céu
e pingo a tinta no olhar
azulejar 
as linhas do horizonte
no meio delas
em breve

te encontrar.

sábado, 9 de junho de 2012

Ímpar

Dois meses
três vezes
cinco não fecha
não conserta
não completa
cinco é manco
ímpar
dança
um sozinho
no meio da pista
sem música
ou lembrança.
Sinto...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Parto




    •  Para Carlos Farias, inspiração pura.


      Dor de parto
      parte a gente
      ao meio
      é dor de morte
      insistente.
      Se há alegria na dor
      eu não vejo
      só quando ela passa
      e reabilita o pensamento
      é que a morte
      desistente
      foge
      ao primeiro choro
      do novo vivente.
      E a dor?
      Que dor houve?
      Houve algo de dor?





      *Obrigada, Carlos, por tão bons olhos de me ver...


      .


      .

Um Rei Plural

.



De Arte em Arte
de folha de jornal à parte
de ligeira loucura
a alegoria de caminhão
foi tua mão
que me levou
a Marte
ao mar
que circunda toda espécie
de solidão.

De Arte em Arte
as pinturas
as imagens
as pesquisas
as vozes
que ouvias
os altares
e os acertos
que agradecias
tudo emerge agora
nisto
que acabou sendo
a tua mão
na minha Arte.




.

Espelho?

 .


*Para o Pequeno Príncipe, que voltou para seu Planeta. E eu nunca mais soube dele...



O mesmo arco
ao redor da imagem
imaginação aflorada
malha fina no braço
e o laço
nunca desfeito
na língua
o efeito
num continuum
sem fim nem começo
o reflexo
do que já foi tido
complexo
em mim
não esqueço
de um príncipe
suas não-respostas
e seus peixes...


.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Visível

.




Não existem os vultos que vejo
ao menos não para ti
embora para eles
sim
e para mim.
Somos nós todos
matérias soltas
em cordas distintas.
Estou aqui
ou aqui estás em mim?
O que é real
inventado
ou experiência
eu não sei.
Só é verdade o que se toca?
Só vale a pena o que se vê?



.

Vozes outras

.




Das vozes que me ouvem
digo palavras esparsas
ventos e brisas e cochichos
burburinhos devassos
de conversas outras
que eu não vi.
Sou rádio.
Talvez caixa de som estragada
emperrada de ruídos
que não pertencem a mim
nem àqueles que dizem
o que me esforço por entender.
Não se dirigem à minha pessoa
nem interessados estão
no que penso
no que sinto
ou no que conheço
nem sabem se os ouço
nem sonham que anoto
e esmiuço em versos
o que a mim sopraram
distraídos.

Bolhas de sabão
d'outros Universos...





.

*É mais ou menos assim que acontece...


.

terça-feira, 29 de maio de 2012

FOME

.


Cultivo meus versos
como quem escreve
a um curandeiro qualquer
inventor de milagres
e cinzas de bendizer.

Sereia
enfeitiço o vento
e lanço raízes ao mar.
Oceanos são limites virtuais
nos quais enfeito os braços
de pérolas
anzóis
e sais.

Não me bastam
duas ou três estrofes
nem múltiplos orgasmos.

Não me basta Tudo.

Eu quero mais.



.

Alma

.


Experimento o sopro
do que não existe
nem disfarça o frio corrente
nas bandeiras desfraldadas
que balançam ao vento
de um outono vazio.
As velocidades limitam os olhos
e o espetáculo é fio de seda partido
na boca da borboleta tonta
que a pedra escorregadia incendeia.

Dependo do orvalho nas folhas frescas
e do atropelo dos minutos
- que pingam -
dos incansáveis ponteiros da vida
- que dançam -
em redemoinhos de poeira
linha
e
argumento.

 
Na calmaria
- sedento -
meu coração
expira...


.

Leve

Das feridas já sofridas
nenhuma dor me guarda.
Alimento em mim
o que de mim
ainda me traga
e as efemérides liberto
que voem as mágoas
não quero o peso
da lágrima derramada
depois de seca
nem a hora que não deixou
de ser alegria.
É o riso que eu abraço
eu preciso é da saudade
eu gosto é de folia.

sábado, 26 de maio de 2012

Eu amo o Amor

.


Meu amor não tem nome
nem em ninguém habita
meu amor é o amor
é por ele que me perco
é dele meu anseio
é com ele que adormeço.
Meu amor não tem corpo
nem endereço
posto não ter fim, meio ou começo
que não tenha vindo dele mesmo
o único amor que conheço
o único por quem estremeço.
Eu amo mesmo é o Amor...



.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Despedida



Recolho-me à minha insistente insignificância de pingo d'água.
Vou pela sombra de minhas próprias árvores.
Voo nas asas livres de meus versos.
Persigo meus instantes
como quem corre ao encontro de si mesmo.
Emolduro os sonhos
que hoje soube imperfeitos.
Caço os medos
e as pontas dos saltos
perpetuam sonidos
estreitos
que eu calço
e ando.
Sem ilusão
de nada serve o caminho.

Adormeço.



.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Premonição





`As vezes eu gosto de sentir
antes que aconteça
o que acontecerá.
É como ver embaçado
na janela do tempo
antes que o tempo haverá.
Mas eu não gosto sempre.
Incomoda perder o prazer
da ilusão cega.
Perceber
antes
o que virá
faz tudo mais duro
descolore o encanto

e me perde


e eu ando


pra longe


eu ando...



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sonolência

Danço nua um tango exausto
de energias represadas
e listras azuis na íris.
Sozinha
desamarro os espaços
e contribuo com uma única gota do suor do meu dia.
Engulo uma palavra à toa
regurgito um grito na garganta
fechada
de abelhas e guizos
e saltos mortais
repentinos.
Escrevo
pra não perder a linha
embarco na canoa que ascende ao limite exato
do que não estendo
diante do que não visito.
Visto a colcha de retalhos
e me revisto de restos de risos
que eu mesma teci
a despeito da falta de linhas.
Alinho meus pertences
os dois
nos meus mundos
os dois
e recolho-
ME.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Antes de ir



... ou me é dito, com todas as letras, ou eu não entendo.
O que a mim não for explicitamente endereçado
não entendo como tendo sido endereçado a mim.

Se pinga da tua língua
a palavra a ser dita
diz.

O tempo não perdoa
o que se engole
e o nó na garganta
se desfaz
sim
substituído
pelo desejo de ter dito
o não-dito
depois do fim.
Se a voz urge cuspir o verbo
cospe
escancara a frase
liberta o des-a-sossego.
Não há vento que apague
o dividido
quando a fala salta
da janela dos olhos
e fica impossível
desmentir o dia.

Se pinga da tua língua
a palavra a ser dita
diz.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ser, ou não...

Ser mais ou ser menos
talvez ser discreta
quem sabe ser anonima ou
 arisca
ser inteira ou
minguada
enluarada ou
suficiente.

Ser ou não.
Abster-ME de visões.
Abastecer-ME de canções.
Talvez abater-ME quando em vez mas
 nunca
jamais
em tempo algum
NÃO SER...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Paixão

 .




Pela vida eu sou apaixonada
- pela vida -
fosse d'outro modo
aquele plátano
não me ouviria o riso
nem dele eu saberia
a cumplicidade
levemente marcada
na folha
que ao vento
dança.



.

Emergência

.




E a pergunta dançou no ar
calada
feito poesia muda
mutante
feito avião de papel rasgado
translúcida
a própria oralidade disfarçada
de suspiro...




.

sábado, 12 de maio de 2012

Felicidade


No conta-gotas dos meus dias a energia é 
o que me fica...
A que eu tinha antes que esse mesmo dia clareasse
- esplendorosa manhã outonal -
e a que fui acrescentando nas veias das horas
pingos permanentes
que não se esgotam
- multiplicam-ME -.
 
 
 
 
 

Caneta

Arrisco uns traços
disformes
intenções de letras
que definem mundos
alimentam mistérios
e misturas.
Instigantes buscas.

Abuso da sorte
e faço versos.

Desconverso luzes e trincos
desconexos.
Conecto as chaves
batizo assuntos.

Sem tinta
não mudo.

Invento Universos.

Outonal

Do caminho percorrido
a parte pintada me assume
no delicioso delírio
da fantasia.

(Os assombros
assoviam
canções quaisquer).

Tanto faz se sol não houve..
ouvi dizer
que mesmo assim
se fez
calor...

domingo, 6 de maio de 2012

Apreço

Rabisco sabores
nas cores destras
dos lastros leves
esvoaçantes plumas ovais
contornos indeléveis
de espumas
e castiçais.
Penduro espelhos
reflito dimensões
insisto nas crenças
únicas
que habitam-me os espaços
e as esperas
dos princípios
e dos argumentos
que me bastam.

Mirante




Momentaneamente
congelam-se os partos
portos d'estrelas
d'estradas apartadas das bordas
dos retratos rarefeitos.
Escandalosamente
alimentam-se os pratos
d'estreitas fontes
forças beijadas na mesa
d'onde as cartas marcam
os próximos passos.
Toques e truques
d'espelhos pendurados
paredes vermelhas
pontes de facas
e pontas de dedos
nas faces.

Alegrias.




(A Cézar o que é de Cézar dai: ternuras.)




.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Movimento

Movem-se céus e terras
e livros desfolham
as árvores d'outono frio.
Comovem-se ilhas e abanos
refletem atitudes
e certas maneiras
de fabricar sonhos
em asas desiguais.
Erguem-se gessos e geleiras
dúvidas e divisões tantas
de rodeios e obséquios
guardados nas tardes de sol
de dentro de mim.

Pedaços de lírios
pétalas de frutas e cascalhos.

Rumores.

Tal vez...




Eu não canto.
Descabelo lãs e linhas
e agulhas trançadas de montanhas
e parreirais.
Não traduzo.
Embriago licores de interrogações
cascateadas
de rumores e espíritos leves,
esvoaçantes vestidos de seda
sem vento
brisa
ou sopro
que revele
o que protejo.
Escondo
Me
de
mim
e não sei d'onde colhi
as risadas
e as tentativas fracassadas
de dizer.
Eu não danço.
Reponho imperfeições
na minha cabeça franca
de fagulhas saudosas
e vermelhos feitiços
rasgados de tremores
e vírgulas
que não são respostas:
são beijos.

Eu, só




Toca inventar poesia.
Pincelar cá e acolá
um tantinho de cor do dia
feito manhã enluarada
ou sol posto na estrada
de pedras
e paus
e tropeços.
Toca desenhar soluções
e estruturas
nas paredes balouçantes
das pinguelas
que derretem
velas e veias
de palavras que não dizem
o que a areia

o pó e o desafio
dividem ao meio.
Uma parte é minha
a outra
achocolato
com ferro
fogo
cimento 
e bala de hortelã
e sigo adiante.

 




Farinhas


 Para meus amigos queridos: Carlos Farias, Claudinha Rebel e Lenita Lataes



Cambaleio
nas linhas firmes
do caderno extinto.
As tintas reunidas
ruminam sinais
irre
conhecíveis?
Farias outros versos
n'outros bares
ausentes de trapos
frangalhos d'outrora?
Sim, Carlos, Farias.
Farelos d'algodão ou cinzas
soprados das lareiras frias
apagadas freguesias
improvisos nos próximos quintais.
As canetas deslizam
nas curvas de rebeldia
de uma certa Claudinha,
na doçura inata
da nata da poesia: Lenita.
Tesouros e versos
nunca vem sós...
Saudosos trapos triplos
dos quais jamais
em tempo algum
desfarei os nós.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Precipícios


 (Pra ler, ao som de Sob Um Céu de Blues - Cascaveletes)


Incomensuráveis
devoram-meascoragens
abandonam-meàsorte

rala.

Opalpávelédolorido
opalatável,amargo
oprovável,escorregadio.

Seminterrogações
abrem-seasfendas
afundam-seaspoeiras
perdem-seaslinhas
easbandeirasdesfraldam
osselos

novos.

Àbeiraabismal
quecircunda-mea'lma
umrasgodevoz

ecoa.

Semcorsalientam-seasamarras
agarro-meàsfitas
prestesamediscernir
nostrilhosexaustos
queemdoispartem
osnós
dasmesmasferidas.


Escorro.

terça-feira, 1 de maio de 2012

SHIM'ON

Aquela que escuta
carrega uma afirmativa
permanente.
Uma vez ignorada
perdida

definitivamente

porque
única
e nunca repetida:

SIM
ONE.






segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fica...

Dizer do dia
das horas 
que esvaem
dos tempos 
que escorrem
minutos sem dó 
que vão.
Dizer do rastro
do gosto
do riso
da companhia
que assim que começa
termina.
Do dia
das horas
do tempo
que assim que começam
se vão...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

Vide Verso

Sonolenta, esvazio sinistros assovios
no palco lento
do lerdo cruzamento
de esfumaçados padrões.
À beira das decisões
encosto fraturas
aos versos expostos
as espelhos d'água vistos
aos recortados portões.
Grito.
De rouquidão vidente
avaliso a longevidade do lábio
que brilha.
Razão  de sobra
degrau sem lenço
corrimão sem linho.
Acuada, risco a sombra
como quem padece
nas entrelinhas da testa
e descobre os segredos
os santos
os atalhos.
As dimensões flutuam.
Os vultos são só detalhes.
Confesso.
Confirmo o já sabido:
gente não sou
sou verso desnudo
cuspido por deus errante
sem rosto
língua
ou resto.
Sonolenta
poetiso...







Reflexo

Espanto os pontos abertos
dilacero quadriláteros
enferrujo algodões etéreos
a eternidade é grão d'areia
no deserto d'outras almas.
Erro a mira.
No mirante não vislumbro
a via estreita
o lume
o raio.
Exagero a ponta do lápis
na grosseria da escalada
interno assombro do recomeço.
Veredas são feridas
histórias de hiatos perdidos
futuros vindouros
vinhas
ouros
áureos dias.
Outras paragens....

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Interpretação

Nada entendas
do que invento
nos versos
que se me escorrem
pelos cantos da boca úmida.
Nada esperes
do que digo
porque meus dizeres
são pássaros avoados
doidas sentenças
sem sentido diferente
além da tinta de
uma pintura intransigente.
Nada argumentes
contra meus mundos
que se atrelam
aos pedaços dos cedilhas
e das sinas insistentes
que se prendem
aos meus tornozelos

todos os dias

inevitavelmente.


O que?

Se dou um passo
me arrependo
se abro a guarda
incorro em erro
se calo, tremo
se falo, termino.
Se me abro
rasgo o momento
se me tranco
não experimento.
Se busco, não acho.
Se fico, não tenho.

O que quer que se encontre
lá adiante
ou cá
no meio do caminho

se diviso
some

se apalpo
rompe

se sonho
rebento.












terça-feira, 17 de abril de 2012

Metáfora




Escorrem-me os verbos nos cantos da boca
enquanto as vias de fato
falham-me às pernas bambas.
Confirmo acontecidos
relato neblinas e delírios
em decúbito dorsal (in)sano.
A pedra cantada
tem cor de umidade
e tinta vermelha
na cabeceira.
Os ciclos são mistérios.





Gotas de metáforas mordidas.







segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ternura


Vestígio de Imperador
marca vertiginosa
viga no braço
vista embaçada
de perto
de perto
muito mais laço
rouca caligrafia
precisão cartográfica
de muito perto
a Cézar
o que é de Cézar
dai:
ternura.


domingo, 15 de abril de 2012

Passagem

Tudo é breve.
Ao minuto sucede
esvair-se n'outro
feito areia
ao vento uivante.
A vida é breve.
Errante.
O tempo perde
o instante
que já é outro
na estrada
em frente.
O asfalto segue.
Falha
a folha seca
no chão seco
da seca vela
que acende
mais uma noite.
Breve
breve
té que outro dia
este dia
leve...

Ou não


Dirá
de vez
ou quanto
talvez
terá
talvez
um quando
talvez
enquanto
o tanto
será

talvez.

sábado, 7 de abril de 2012

Duas


Sou duas.
Duas broncas
duas ruas
duas alegrias.
Sou duas
distintas luas
errantes construções
inconstâncias suas.
Duas ligações
imprevistas
presumíveis
opiniões nuas.
A que alimenta
e a que investiga
os vestígios
das próprias incursões
cruas.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Intertextualidade


Compartilho do prazer de Pessoa
não cumprindo um dever
curto ou comprido
tanto faz.
E minha desculpa
maltrapilha
é o acúmulo de caos
nesta mente doentia
que mora em corpo
que se finge são.
O que me leva a considerar
tudo o que há pra viver
e a insuficiência dos anos
pra dar conta de metade
dos projetos
que sempre ficam pr'amanhã...
"Hoje não", diria Pessoa.
Hoje não,
minha boca diz...




sexta-feira, 30 de março de 2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ilusionismo

Entre o sabiá e a cicatriz
vivem meus versos
sem eira nem beira nem esparadrapo
que os desprenda dos galhos
enredados
feito ninho
de quem se traduz feliz.



16.02.2012 - 16h44min






quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ninguém

Não sou ninguém 
que já não conheças
que nunca te tenha
pesado na cabeça
ou na circunstância devida
dividida ao meio
da laranja suculenta.
Não sou ninguém
que já não tenhas visto
nem que de relance
num instante justo
ou in ou ex ou terminantemente perdido.
Não sou ninguém 
que já não tenhas ouvido
nas vozes que entrelaçam
teus tímpanos
teus surdos
teus silenciosos limites.

Não sou ninguém
além de uma curva
que adivinha minutos adiante
a janela
que me define.





15.02.2012 - 23h18min

Insanidade

Um poeta é um louco varrido
de caneta na mão
e ideias sem pé nem cabeça
batendo
no lugar do coração.
Mas se as ideias tivessem pé e cabeça
não seriam ideias
seriam canção
e dançar fariam os velhos
sisudos
que só precisam de um dedinho
pra virar verso 
estrela
e passarinho.






15.02.2012 - 23h

Quimioterapia

E o pente foi criando tentáculos
tentando criar atos
nos nós dos cabelos caídos.

Não éramos nós.

Eram ninhos.



15.02.2012 - 23h

Urgência



E das tintas que destampo
sobra-me uma coragem bêbada
um delírio, quase um quebranto,
um não-sei-que de emergência
que urge a exposição do exato
que desconheço
posto a metáfora já não pertencer
ao poeta
cego de luzes
mas ao passante
desatento de haveres
e de respostas perguntantes.

O meio fio é meu banco de dados
que jogo aleatoriamente
bloco de um carnaval que não brinco
nas pontas das orelhas abaixadas
do animal passivo
que insiste em mim
fazer morada.

Rio da incontinência
da providência que não vinga
e do produto falsificado
que dança nos pés de uma centopeia
cambaleantemente
descoberta.

Adoeço aos pés da poesia
em partes
deslocadas dos meus membros
e das imagens mais fantásticas
sem fim nem começo
apáticas.

Não foi pra isso que inscrevi meus versos
na ponta d'areia fina
do tempo
que devora
e definha
antes que se defina
a ponta do alicerce
que entrelaça a linha
daquele meu primeiro arremesso...




15.02.2012 - 22h18min

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Imprecisão

(...esvaziar as gavetas de nada serve
se de notas a cabeça anda cheia...)




Guardo galhos de árvores
que um dia floriram as ruas
enfeito meus dias
com frutas e sais aromáticos
que planto nos sonhos
teias de recomeços
e afuniladas tramas.

Suponho que as somas
salientem horários
e determinem direções opostas
àquelas em que me perco
e encontro culturas dispersas
fumaças e sinais
d'outros tempos.

A tênue linha do absurdo
rodeia meus passos
ridiculamente trôpegos
e sóbrios
e barulhentos.

Um assovio me distingue
dos que desconheço
no horizonte sombrio
que não alcanço
- nem ele a mim -
(grande mistério).

Se conservo
absorvo orações de duplo começo
enriqueço as divisórias do medo
e poluo as entranhas
com alheias devoções
desnecessários parágrafos
no vazio do Tudo.

Alimento
o que não sei ter fome
e mato mais um pouco
do que já sei pequeno
quase extinto
extraordinariamente
exausto
de procuras.


Sou espanto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Andança

Tiro do bolso minha filosofia mais crua
cravejo de balas de menta
minhas metas norteadas
por cãs e começos.

Recomendo as últimas tiras
de fitas mimosas
baratas e desfiadas
plantadas com esmero
nos pulsos das moças.

Tropeço nos próprios pés
e trezentos conteúdos mínimos
brotam de ventiladores suspensos
cabelos de Medusas
empedrando gestos e vinhos.

E saio da casca
enfrento os maus modos
perco a linha que nunca tive
e encontro outras dúvidas.

Divido meu tempo
e meu suposto ponto de equilíbrio
que nem eu conheço
com quem me afronta.

Sou processo.





10.01.2012 - 02h16min

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Do Novo


Depois de apagar os borrões
círculos de luz explodida
confundem vozes
e diretrizes
miúdas.

Os espaços da próxima dança
iluminam a escuridão
sem rasuras ou hesitações
e os "Vivas!!" ecoam
de pés desconhecidas.

Poemas a serem escritos
pacientemente esperam
a hora exata
o instante sagrado
em que escorrerão
das linhas
dessas minhas digitais
já tão gastas.

Um outro começo...






02.01.2012 - 03h10min