domingo, 23 de janeiro de 2011

Fac simile

Não comento o espelho fosco
que mal reflete a imagem assistida.
Apago a chama recém adquirida
e pingo uma gota de orvalho
no paletó amassado da madrugada.
São fantasmas e delírios
brigando por um espaço no facho de luz
que se precipita nos olhos apagados
da luta imperfeita de toda uma vida.


Os cacos de hotel, os princípios permitidos
os aéreos anos de doirados sonhos
insuspeitos de trilhas e pedaços de algodão partidos
particípios de um passado oculto na fibra.


Formação de quadrilha
furacão de partilha
fundação de quinquilharia.


Formas de vida que abalam
a estrutura do poema recém escrito.


NÃO AFUNDE!
Gritam-me gargantas mudas.
Apressam-se botes salva-vidas.
Erguem-se cortinas.
Falham alaúdes.


NÃO AFUNDE!
Gritam-me.






Queimo.











 


23.01.11 - 03h02min