A Arte é essa dor que me rasga a alma, e caminha comigo, afrontando meus estigmas, enfrentando todos os alguéns que atravessam minha garganta fechada.
A Arte é a maciez do toque à deriva, a palavra relevante jamais dita, a luz ofuscante que meus olhos cegos não vêem.
A Arte é meu deus, meu Eros, meu Zeus, meu prazer, minhas tarefas diárias todas, escrevinhadas na parede da sala de visitas onde eu não quero estar.
A Arte é o reles cisco no olho das fadas que não existem e de cuja existência a bailarina e o príncipe desconhecem, mas suspeitam, quando passeiam pelas minhas veias, secas de sangue puro.
A Arte é meu médico, minha alma, meu homem. O poder que me desvenda e a explicação que eu nunca tive. A cegueira que tateia meu corpo e a força bruta que determina minhas escolhas. A régua que traça linhas tortas na minha vida toda descoberta. O livro que me telefona na madrugada e o bêbado que eu não suporto, preso às pontas dos meus dedos, cambaleando na folha virgem.
A Arte é a mensagem que recebo diuturnamente, e que não entendo. A resiliência que me acompanha, apesar dos meus protestos e frequente cansaço. Arte é vida. E eu vivo nela. Ricamente vestida de emoção intensa. Pra sempre.