domingo, 26 de abril de 2009

Volta

Aos navegantes que tão simpaticamente reclamaram minha ausência, aviso:
a poesia mora em mim,
ainda que adormeça de vez em quando.
Não sei que sonífero ela toma.
Não sei que susto a assusta,
ou que medo a amedronta.
Não sei o que a faz recuar,
nem o que faz brotar esses versos
que planto em mim.
Não sei.
E não sei se quero saber.
Mas sinto falta de escrever.
Sinto falta dessa agonia que me dá,
quando quero, quando preciso 'dizer'.
Sinto falta da sensação
de descontrole
sobre minhas próprias mãos
ou sobre meus pensamentos,
quando ela me acomete
e se derrama feito bálsamo
ou talvez um outro ente
(quem vai saber?).
Sinto falta
feito droga no meu sangue
dessa tal de poesia
que me domina
e é mais importante pra mim
que a vida
(forte isso? nada!
repara, a poesia não é ela
mesma a própria: vida?).
Por isso hoje estou feliz.
Ela acordou.
Está de volta.
E me sorri.
26.04.2009 - 20h28min

Não vi!

E eu não aceitei
o copo cheio de digitais
entre os destroços
das vias que não voltam mais.
E eu não aceitei
o brilho da carcaça
errata impressa de letra
desdita sinuosamente
feito clarão de lua
em noite de tempo quente.
E eu não aceitei
a prisão
a pressão
a impressão de estar nua
sob os olhares divinos
dos divididos instantes
dos paradoxos desconexos
dos distintos censores
de duvidosas morais
(porque eles são muitos
eles são quase irreais).
E o X da questão eu não vi.
E o princípio ativo do sopro
que me pegou de surpresa
e me atirou no abismo
eu
não
vi
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mas os tijolos foram postos
nos muros das ruas
que percorri.
Mas os estilhaços cortaram
os riscos dos vidros
que eu recolhi.
Mas os supostos estorvos
e os solavancos
e os olhos estreitos
debaixo dos panos
brotaram
I
M
E
N
S
O
S
e ergueram castiçais de prata
por onde escorrem ceras coloridas
de velas apagadas
que eu jamais acendi...
26.04.2009 - 20h

Escrever? Mais? Pra quê!

Nas vias digitais deserto de bacalhau - bacalhais? - Ai, que saudade da Semana, dos quintais, dos Drummonds, Robsons, das Cecílias, Anas, Lenitas, Douglas, Carlinhos - de Jesus? também, também, também -. Ai, que saudade das cascatas de versos que afogavam as mágoas e os desacertos e incendiavam o desejo de mais escrever de mais escrever de mais escrever animais sedentos de sangue de mais escrever de mais escrever de mais escrever. Ai, que saudade do tempo em que eu, cá no meu cantinho, inda tinha nas pontas dos dedos um canto triste pra mais escrever mais escrever mais escrever. Inda dava um jeitinho de ter no meu nome bordado bem grande uma TODA POESIA pra mais escrever mais escrever mais escrever. E hoje? Onde as penas? Onde os trapos? Onde as rolhas? Onde as sementes de vida? Onde os brotos e as ilusões intrusas que desencadeavam borbotões de luzes? Onde mais escrever? Escrever? Mais? Onde? Porquê? 26.04.2009 - 19h55min *Para meus amigos queridos, do Sarau On-Line: Lenita, Robson, Carlos, Ana, Douglas. Adoro vocês!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!