sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aqui




Acendo os faróis que iluminam o nada
noturnas criações de espetáculos
amarrados a microfones baratos...
Des-Ando pela escuridão derramada
dos pêndulos dos relógios antigos.
Ameaço espalhar silêncios e soluços
pelas madrugadas assinadas por alheios braços.
Solto as amarras e as chaves desvalorizo.
Os anéis arranham os dedos
balançam as madeixas ao vento.
Descanso a cabeça no perfume dos travesseiros.


Sentir é espantar-se.

Sou quem me perdoa
de não te ser...





18.12.09 - 22h47min

Meu bem querer

Não quero nada além
do que minha ambição me dita
de tudo o que já tenho
de tudo o que espero ver.
Quero apenas e tão somente
um gole dessa tua vinda
um milímetro do teu prazer nas corridas
e a tua companhia permanente.
Quero o suor dos teus gastos
e o rosto das tuas maçãs.
A força dos teus desejos
e o verde das folhas de hortelã
ao redor das laranjas
e das intenções irmãs.
Eu quero teu desconforto
quando minha visão te fita.
De tudo o que eu quero
o que eu mais quero
é a caixa que leva o teu nome
e que por aí perambula
pelos lados do Guaíba
com tudo o que há em TI...






18.12.09 - 21h58min

Solução




Dançam meus neurônios
na festa de despedida da lucidez
são pesos e peças descalços
no meio das avenidas vaporosas
são sons e dormências
nos fornos das casas sem guardas
sem proteção.
Bailam minhas ilusões
sobre o sangue das feridas expostas
sobre os anéis de um Saturno apagado
pintado na barra do meu vestido azul.
Rodopiam minhas permutas
entes assustados borrados de pó compacto translúcido
nas palmas de trêmulas mãos acidentadas
que não valsam nem falseiam a verdade crua.

Não perco nada do que me pertence
não penduro as chuteiras que nunca tive
nem sinto cócegas com o gás do champagne que não bebi
não bebo
não fumo
não verbalizo o que não sinto
não sopro as dores que me derrubam
nem compartilho as dúvidas que me perturbam o sono
em dia de sol ofuscante
e clara intenção de durar.

Sou treva e vento forte
geleira no norte
fogueira de escravidão.
Sou pretensão e paciência
solta nos prados que desconheço
absorta nos pensamentos
que não suam palavras
nem desmentem canções.




18.12.09 - 21h25min