sábado, 12 de julho de 2008
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As luzes difusas
Sem trapézio ou inspiração
Rabisco círculos
Por entre as páginas
De um dicionário de mitologia.
Invento pra eu mesma
Alguma forma de perdão.
Minto sobre minhas intenções
E escrevo amenidades.
Não tenho vontade de te seduzir.
Passa.
Esquece.
Recita algum verso triste
De despedida lacrimejante.
Eu avisei
Pra não insistir...
12.07.2008 – 0h56min
HERMÉTICO
A verve ferve o antídoto
Engole a garganta muda
Que acende a palavra dura
No fundo do precipício
Aberto pelos que crêem.
-Eles ainda existem.
Eles. Os que crêem –
As páginas lotadas de versos
Na agenda vazia de compromissos diários
Esquecidos n’alguma esquina
Que insiste em não se dobrar.
-Elas ainda existem.
Elas. As teimosas esquinas cruas-
A caneta falha e a história tarda
Talha o leite na caneca
E o doce na compoteira azeda.
Esvaziam-se os versos
Como se esvai a vida
Do corpo que sangra deveras.
-Eles ainda existem.
Eles. Os corpos que sangram -
Por entre as grades da janela
A prisão lá de fora
Tem cor de liberdade fria.
Espetáculo cancelado
Por absoluta falta de público pagante.
De graça, só se for palhaço,
Que faz rir ao entardecer.
Ao entardecer
Faz rir, pra não morrer
De fome de justiça,
De fome de amor,
De fome de prazer.
-Eles ainda existem.
Eles. Os mortos de fome-
O espaço é restrito
Não há como dizer
Ou des-dizer ou contra-dizer
Ou usar hífens sem autorização judicial.
As palavras têm cheiro de adeus.
*Derrapo na pista molhada. Fechei os olhos sem querer. Sem querer escrevi uns versos que me recuso a ler. Sem querer rompi os laços . O ponto de táxi procurei, sem querer. Sem querer tranquei a sete chaves a vontade de querer. E agora nada mais me prende. Uma semana é o suficiente pra eu saber que vou partir. Que vai doer... Em ti.
12.07.2008 – 01h12min
Desejo II...
... passar por ti na linha imaginária do tempo, e saber...
Aos 30 minutos do dia 12.07.2008
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