terça-feira, 28 de outubro de 2014

História

Carrego a culpa
de grão de mostarda
saber-me.
O ópio público cega as massas.
Amassam-se os papéis
donde a História escorre
nas pontas d'estrela vermelha de vinho
de tinto sangue
de Chico's
e outras cachaças mais.
O calendário sai de foco.
O fato é previsto nos jornais.
(Mas ninguém lê)
A vida corre
longe do estado de graça.
Atrás das grades
os ladrões
os bandidos
os párias
riem de nós
presos que estamos
na falta de horizontes.

Quando foi que entregamos os pontos?

A rainha desfila nua
e não há crianças
para ver-lhe as vergonhas
as banhas
as rugas
os enganos.

50 milhões de forças
e nenhuma criança
para apontar-lhe o dedo
e extirpar a mentira
de todo um país.




28.10.2014 - 08h12min

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Ah... Quintana.....

Sim.

Meus versos nascem de mim
marcados
têm dia e hora exatos
pra gravar a folha
inda que a eles eu possa voltar eternamente
e em todas as vezes
eles sejam pretéritos novos
enérgicos preâmbulos
do que haverei de ser.


Às 11h09min do dia 20.10.2014

Horário de verão

Adianto os ponteiros do dia.

A vida amanhece lenta.

Sons anteriores à luz
nublam o silêncio.

A dor é quente
o amor ardente
a saga assente de termos
que expliquem a rima óbvia e
a cor azul.

Presa à bainha das horas
a língua atrai formas
que distraem horizontes e soluções.

Os comparativos não cabem no exíguo espaço
que define o
quase nada.

Tudo é inexato na tela branca
que descortina energias outras
e arreganha os dentes do amanhã.

Não sei se passo ou
invento pedaços de sonhos
nas pontas do sono:

estopim de verão.




Às 11h30min do dia 20.10.2014