quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Gota

Suspeito da faceta primária.
Que raio de agouro é esse
que extermina a possibilidade
de construir outro caminho?
Angario fundas e feixes de nervos
nas mãos em concha
de poderosos imãs
e religiões pagãs.
Confundo sátiros e monges
descontentes com as marchas
e trelas que dou de bandeja
a este ou aquele visitante torto.
Entorno o leite de reserva.
A última gota:
oferenda ao deus cego
que me amarrou dentro da letra
do teu único nome
 O.


O ponto final
de um gigante
absorto nos próprios pensamentos.








06.01.11 - 23h15min



Beberagem

Esse início de noite pintou-se de poesia
co'a chuva.
Céu amarelado de um lado
roxo d'outro
como se possível fosse um bêbado
no firmamento.
Ah não!
Esse bêbado não traja luto.
Nada traz nos andrajos
que desfila aos saltos
entre uma e outra nuvem esfarelada
que pinga.
Mardita pinga
braba
marcada de fuligem
da nuvem esguia
que tenta disfarçar
o cambaleio devasso
nos céus do meu dia.
Melhor dizendo
do fim deste meu dia.
Trocando as pernas
e os passos trôpegos
carentes de firmeza
e perspectivas brancas.
 
Escreve.
Mardito pingo de caneta
embriagada letra travestida de "erre"
onde o "ele" já não vinga.
"Ele" ou ele?
Bebe, pr'esquecer a esquina.
A quina da mesa
na perna recolhida.
Pena no ar.
Ele.
 
 
 
 
06.01.11 - 23h07min