terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Intrínseca

Publico um sem número
de palavras vazias
esquisitices de grande valia
pr'essa instância em que me encontro
bem no início da meada
ameaçada de extinção.



23.02.2010 - 22h28min

Cacofonia

Nas lentes de aumento
avalio o corpo estranho
de estudos concretos.
Acertos
intentos
opostos existentes
insistentes remorsos
inconclusos portos
impostos por outrem.
Parece que foi ontem...
e lá se vão os anos
e os panos rasgados no meio do caminho.

Enlouquecer é vestir-se de vermelho
sangrar pra sempre e de vez.
Carregar os casacos nas costas
caçar borboletas azuis
sem pé nem cabeça exposta
sem bolhas nem calos
sem sais ou grandes abalos
sem raio de luz.
Saem de circulação
os pensamentos corretos
viram as mesas os vibratos
os mil absurdos
enlouquecidos
insanos
exaustos
vis.





23.02.2010 - 22h20min

Selo

A qualidade que eu quero
só existe porque inventei
um outro jeito um outro cheiro
um outro sonho qu'inda não sonhei.
Não quero os acadêmicos
nem as construções contadas
como favas certinhas
e bem alinhadas.
Eu busco o maldito
o marginal
o devasso
o confuso.
Eu quero o poema não escrito
e a lua nunca pronta
pintada num olhar de namorados
longe de serem artistas.
Eu quero a luz da vassoura da bruxa
no rastro da floresta
que transborda magia.
Ah!
É isso!
É o que eu quero!
Essa louca,
a poesia.




Aos 50 minutos do dia 23.02.2010

Situação

E eu
encantada como ando
escrevo dizeres de borboleta
perco meus olhos
te encontrando.


Aos 45 segundos do dia 23.02.2010

Ais

Ai, essa saliva
os rastros das pedras
os alpendres
as raivas
os lemes
os pentes
jogados nos pelos
os apelos
as penas
e os prantos.
Ai, essa salva
de palmas
e prontos espelhos.
Ai, essa solvência
de pensamentos soltos
na neve que gira
e vira raio de sol.
Orvalhado.




23.02.2010 - 0h34min

Feminina

Acho que é quase herança genética
essa coisa que briga dentro da gente
essa visão de ser mulher. 
E confesso
eu gosto dela. 
Gosto de saber-me atrelada ao forno, 
ao fogão, à saia, à sedução...
Gosto de saber-me dona dessa coisa
que só a mulher tem
de convencer o outro
daquilo que ela quer. 
Gosto de saber-me exata
em todas as minhas inexatidões.
Só não gosto da confusão que fica na minha cabeça
o tempo todo
o todo inteiro
quanto a tudo o que eu penso
e que é fruto dessas minhas escolhas
que dependem também da tal herança genética
dita antes
e que mora em mim.


Ai.


E eu não sei o que fazer desse mim...






Aos 7 segundos do dia 23.02.2010