sexta-feira, 6 de junho de 2008

Símbolos

Esses meus versos soltos que ninguém mais pode entender, são pedaços do tanto que eu ouço o meu coração, por ti bater. As frases quebradas, de muletas, meio canhotas, quase mantras, são partículas do sangue que me aquece e que responde, quando a mente repete o teu nome. E ela repete. O tempo todo. O dia todo. Tudo. 06.06.2008 - 22h42min

Ou sim?

Evito o canto do que de certo há
na inexata medida do erro
na descoberta imprecisa daquilo que não virá
(ou sim).
Esqueço os cantos dos espaços
em que os acentos são traçados
das poesias jamais escritas por alheios
que nunca estiveram lá
(ou sim).
Desautorizo as assinaturas,
as envergaduras, os folderes,
as resenhas, as bolsas fechadas
que jamais duvidariam da minha inteligência
(ou sim).
E desisto e duvido e caio fora
de tudo o que não me agrada
(ou sim).
Acordo depois ou nunca mais
(ou sim)...
06.06.2008 - 22h32min

Ou não?

Eu canto o que de incerto há
na desmedida ânsia do acerto
no enigma daquilo que virá
(ou não).
Sublinho os cantos dos espaços
em que os acentos são traços
das poesias de terceiros
que sequer passaram por lá
(ou não).
Legitimo as assinaturas todas,
as envergaduras, os folhetos,
os resumos, os envelopes lacrados,
os trabalhos perdidos
que atestam a minha ignorância dos fatos
(ou não).
E insisto e acredito e invisto
naquilo que se anuncia já amadurecido
(ou não).
Adormeço depois ou nunca mais
(ou não)...
06.06.20085 - 22h24min

Característica


Os plurais
as escadas
alguns poucos verbos
são marcas minhas
perfis de escritas soltas
penduradas nos varais da vida.
Algumas vezes sou maluca
outras vezes centrada demais;
os extremos me atraem
ando sempre à beira do cais.
O caos me concentra
na infinitude das horas
em que espalho algodões
embebidos de mel
e ofereço meus ouvidos
às canções da tua boca quente.
Vasculho os bolsos da poesia
embriago teus olhos com meus versos
e me retiro.

Sei que a mim, desde sempre, é reservado
o vácuo do instante


que passa...





06.06.2008 -20h45min

Confusão

Ansiar é não-morrer as portas arrancadas dos umbrais os freios, equilíbrios, vendavais estremecem nas curvas do tempo que inexiste, que embriaga a perda e sustenta a pedra da gruta da vida, que se esvai por vias tortas. Os ruídos atrapalham os princípios e as telhas se desprendem suporte frágil dos dias de sol. Assistir é não-sofrer o desfile das horas impróprias na provável carne dura. São cruas as experiências conflitantes são curvas as excelências dissonantes são cruéis as insistências difamantes são minhas são tuas as marcas dos pés molhados nos limites que separam o que fomos do que haveremos de ser... 19.05.2008
(Este poema fazia parte de um projeto
que foi abortado. Um aborto na folha em branco.
Mancha de sangue. Vida escorrida na escuridão.
Agora é madrugada. 04h06min do dia 06.06.2008
e aconteceu o fato)

Possibilidade

E todos os poemas que ficaram velhos de não ver as folhas, esquecidos que estavam nas gavetas emperradas de sentires igualmente de lado deixados? E todos os versos expostos que foram lapidados com orgulho cuidados e alinhados um a um feito trabalho de ourives? E todos os rebuscados verbos que expressavam a dor, a saudade, a paixão de momentos que se foram, ou que tarde já vão, de momentos que marcaram e que ficarão? E todas as linhas, caprichosamente estendidas na sequência das horas em que derrubaram as escoras e os temores e os absurdos cansaços que jamais representaram fracassos? E as noites insones, os litros de tinta derramados no papel amassado molhado de lágrimas que não poderiam de jeito nenhum, de jeito maneira, ser derrubadas diante de testemunhas neutras que fossem? E os risos que não se desprendem dos vocábulos estreitados pelas descrições imperfeitas porque perfeitos só os sons deles proferidos por ti. E nós...nós, que já fomos, que já voltamos, que agora estamos sós. E nós... aqui, sem remédio, sem licença, sem lembrança que impeça a crença de que sim nós somos possíveis. E mesmo que não fôssemos... Seríamos.... 06.06.2008 - 01h51min

Do amor II

O amor é uma coisa mágica... faz horrores com a gente... vira do avesso, transforma em outra coisa, dá vontade de chorar do nada, dá vontade de rir do nada, dá vontade de nada além de ficar com a pessoa escolhida. O amor faz coisas que até o amor duvida. O amor é bálsamo pras dores, tal qual a poesia. Mas o que seria da poesia sem os amores? E deles, sem os versos inspirados no perfume que exalam as flores do objeto amado? Ah, que nada... Amor é acompanhado de dor e sofrimento. E a gente aguenta. E a gente pede bis porque é sempre muito bom ser feliz... 06.06.2008 - 01h30min

Do amor

O amor é o que há de melhor na vida. Sem ele, a gente seca... 06.06.2008 - 01h

A fila que anda

...e quando a gente tem pressa? Parece que a fila é imensa. Parece que a pressa faz fila na soleira da porta de saída, tem pressa de vida, a fila da vida, que anda, que anda, que anda, mas que também às vezes... desanda.... 05.06.2008 -19h30min