segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Movimento

Invado a tenda e grito NÃO! Corto o fino e delicado umbilical cordão e lavo os panos sujos de sangue seco. Espero a redenção inexistente na irrevogável escolha de ir. Não olho pra trás nem sinto meus pés dormentes. Alcanço um invejável estado de calma depois da explosão expulsa d'onde nunca estive de fato d'onde jamais estaria. Nenhum argumento seria suficiente para colar-me às mãos letras mortas portanto não tente entender nem crucifique minhas entranhas nos paus da crueldade cética. Não tenho medo da troca nem da confiança. Desconfio do intruso e me intrometo nas minhas próprias escolhas como se o abandono fosse só uma estrada ou só a pétala de uma outra flor que eu desconheço embora pressinta o perigo que exala o perfume da estrela distante. Passagem. 31.08.2009 - 22h30min

Titubear

Todas as saliências dos ditos não-ditos dos engolidos engodos que não foram cuspidos dos folículos que sobraram das balbúrdias disseminadas por línguas mudas e mãos identificadas apenas pelas digitais, concentraram os pães e os sonhos nos cremes de barbear ou de diluir dizeres de tendas de ciganas mal pagas secas de fome de sangue vampiro. Canções envolvem os leitos da terceira geração investida de protuberantes impropérios. Morte sem aviso prévio... 31.08.2009 - 15h50min

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Arrependimento

Não me arrependo de ir nem de deixar de ir nem de ir indo assim, devagar. Não te culpo por ficar nem por deixares de ficar nem por ires ficando assim, de mansinho, de vagar. Não me arrependo de voltar nem de voltar a ir nem de ficar, querendo ir nem de ir, querendo voltar nem de não olhar pra trás nem de pra trás jamais deixar de olhar. Não me arrependo de não me arrepender do arrependimento que não tive nem vou ter inda que eu ande pra trás inda que, andando, não olhe inda que, olhando, não volte inda que, voltando, não queira ficar. Não me arrependo de falar o que eu não disse ou de dizer o que não podes porque a língua-coragem é na minha boca que mora e o peito forte é no meu pulso que bate. Não me arrependo de ser eu nem de ter sido nós muito menos de voltar a ser eu porque é em mim que se enraiza a tortura do que foge ao arrependimento... 28.08.2009 -23h

Arrastado rastro

Encontro o ponto do instante final
e ele não é nem tão duro
nem tão redondo
nem tão assustadoramente solitário
mas é duro e redondo e solitário
o ponto do instante final.
Encanto o fim do ponto no instante
exato em que ele chega ao seu limite
aquele mesmo definitivo
o que não tem retrocesso
o que não tem reversão
mas é pura e definida a exceção
do fim do ponto no instante.
É fato.
Não há o que fazer.
O ponto existe.
E mora no final.
O fim existe.
E no ponto mora.
Imprescindível colher a Hora.
Sem volta.
Ao invés da pegada, um ponto... final.
28.08.2009 - 22h30min

Sem ponto final

talvez tudo gire em círculos e gere um sem número de urgências talvez nada termine de fato ou de fato nada comece talvez nada aconteça talvez os exageros escorram pelos lados da boca do dia em etílicas convulsões talvez o desejo permaneça fetal eternamente fetal té que um beijo terno o torne fatal talvez a noite entorne o cansaço e o frescor entoe uma nota qualquer um esboço de prelúdio da ópera de uma vida dividida talvez o fole não seja suficiente e a improcedência da saliva encontre um canto ardente talvez a frase dance no ar e a aranha não arranhe o jarro nem brinque de saci-pererê nas bordas da janela da idade que a vaidade insiste em esconder talvez a hostilidade seja eterna e a ética não passe de uma palavra oca um toque estético pra negligência talvez não seja nada disso e a obrigação seja desmentir o todo e reescrever uma outra história nova
Atravesso a rua sem olhar para os lados e nem ouço as buzinas que obviamente voarão sobre meus ombros; pés descalços n'água gelada; concentração imperdível de uma dimensão diferente que depende do susto pra sobreviver; arranco os assoalhos e sobrevoo a torre de papel de seda; amasso os sombrios suspiros e descubro não saber se aprendi ou se desisto de ler
28.08.2009 - 19h10min

Metaforicamente

Deliciosas são as metáforas. Talvez delas eu tenha feito os ladrilhos do meu caminho. E o sal da minha vida: sabor. Metáforas deixam tudo mais colorido, principalmente quando tudo parece meio que só cinza... um tom apenas, não as muitas nuances desse mesmo cinza, que isso já seria uma espécie de colorido... hummmmm... Hoje estou prolixa... Melhor lixar as arestas e permitir que o sol queime esse resto de inverno. Metáfora? O que seria da vida sem ela? Vou casar com o Brad Pitt!!!!!!!!!!! Ah... que alegria trazem as metáforas à vida... 28.08.2009 - 10h Aí, Kersting... culpa tua...rsrsrsrs http://queropoema.blogspot.com/

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Um palhaço sonha

Acompanho a mim mesma procuro status de ocupada nas linhas do horizonte distante que tracei co'as tintas de meus cabelos outrora vermelhos, hoje breus. Pimenta são os olhos dos outros nos meus colírios. Banho as mãos n'água quente de espumas sem toalha pra secar as lágrimas ou os apuros mensais. Mulher, meu alimento é a poesia. Humana, me alimento de ar. Um passo após o outro e nenhum me tira daqui ou me arrebata de lá. Copio ilusões e tomo posse do qu'inda terei antes do tempo previsto na agenda descartada de ontem cheia de rabiscos e riscos sobre as letras descartadas também. Desperdício de inspiração. Entoo uma canção antiga daquelas que Antonio Marcos não canta mais. O palhaço sou eu ou a tinta que escorreu do meu quadro? Não entendo as balbúrdias e os desassossegos a que me obrigo ou aos quais obrigo os que me amam. Amasso o coração já partido e se participo do ritual macabro de aliar-me ao elo que me une a um mundo perdido é por não ter absolutamente mais nada pra fazer. Não avalio possibilidades nem elas a mim. Pretensão boba essa minha de querer ser vista pelas possibilidades distraídas que estão com a arte de serem mínimas. Meu voo não alça dança salsa enquanto o palhaço ri da minha crença. Dias melhores virarão... 26.08.2009 - 21h

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Luz

Réstias de luz é o que quero pra mim pequenos brilhantes nos olhos. Quem acenderá a chama? 25.08.2009 -22h25min

Histórica miscelânea

Diga ao povo que finco pé
para o meu bem
e que se dane o resto!

Desperdício E morte lenta cancerígena dependência corrupção tresloucada assalto aos cofres públicos que moram nos bolsos dos desesperados os mesmos que trabalham de sol a sol pra não ter o que comer no fim da tarde. Miscelânea de históricas frases fases de outrora misturadas ao aqui e agora. O riacho poderia ser qualquer um o grito poderia ser até uma gargalhada; se fosse, seríamos mais felizes quiçá mais afortunados, já que mentimos uma felicidade carnavalesca sobre os cascos da nossa própria miséria? EM DEPENDÊNCIA HÁ MORTE! IN DEPENDE A PENDÊNCIA DA MORTE! DEPENDE DA NOSSA SORTE! DEPENDE DA SORTE DE TERCEIROS! DEPENDE DE QUALQUER COISA MENOS DA MORTE! IN É A MORTE? OU SERÁ A DEPENDÊNCIA? DEPENDE DE QUE? DA MORTE? OU SERÁ QUE PENDEMOS À MORTE OU MORREMOS DEPENDURADOS NOS YINS E YANGS DE UMA HISTÓRIA DESCONHECIDA ESCRITA DESDE A NASCENÇA DO NADA? Quem se habilita ao grito? E à morte? Quem? Melhor: QUEM SE HABILITA À INDEPENDÊNCIA? (já que da morte não há como fugir...) 25.08.2009 - 22h

Antes que o Sete de Setembro

me pegue de surpresa...

Caras d'Arte

Máscaras são poemas ou muros onde a gente se esconde? Talvez nem isso... Talvez só uma outra forma de rosto... talvez o verdadeiro... talvez o sonhado... talvez o impensado... não sei. A pintura é um grito em verso, rasgado na tinta ou na tela. Da mente? 25.08.2009 - 21h30min Varatojo, tens cá uma fã de carteirinha. Belíssimo o teu trabalho. Sempre. Sempre. Bj. MÁSCARAS DE PAPEL; de José Antonio Varatojo: http://www.youtube.com/watch?v=FDdIrve5SVI

Aí, Brunno... vi no teu blog... COPIEI...rs...

25.08.2009 - 16h50min Obrigada, Brunno. Pela consideração, pelo respeito e pela simpatia (considere todos os ítens recíprocos). Saudações poéticas. Blog do Brunno Soares: http://cronicasdeafeto.blogspot.com/

Escritura

Escrevo o que sinto não exatamente o que vivo nem como penso ver o instinto. Escrevo meu suspiro meu fôlego largo meu pedido calado. Escrevo minha discrição tardia do que descrevi de dentro da câmara fria no instante exato em que sofri. É assim minha caneta minha tinta minha retina. É assim que me bate o pulso que me domina a energia dessa coisa que não comando nem entendo: a poesia. 25.08.2009 - 16h30min

Dá licença?

A poesia pede passagem perde uma vírgula no caminho uma perna de um A na outra esquina e um verso manco no banco da praça sem nenhum desmerecimento desse ou daquele sem nenhum constrangimento desse ou daquel'outro sem nenhum absurdo entretenimento de todos confunde B com C e defende a supremacia do grande T. A poesia inventa palavras absurdas e costura vocábulos de rua formando vestidos de sol pra lua nua dançar um tango em plena Praça da Alfândega em Paris. A poesia mistura tudo e já não diz coisa com coisa ou coisa com meretriz escrita em decassílabos perfeitos nos lençóis d'algum motel barato de beira de estrada deserta onde bêbados cantam enrolado e cães ladram sem trégua. A poesia penetra nas casas alheias e nas alheias mentes urbanas nas despertas mentes rurais e nas mentirosas mentes dos pedestais de prata inalcançáveis em suas brilhitudes. A poesia planta raízes de novos dizeres nunca dantes suspeitos de crimes contra a língua de sapo enrolada dentro da boca da mosca. E espanta os acomodados que tem olhos mas esqueceram de acender as luzes de dentro. Dá licença? 25.08.2009 - 16h20min

TRALHA!

Sugiro uma postura rígida de cabo de vassoura e balde de alumínio nos momentos de decisão 'per capita'. Por acaso aposto na cabeça do macaco que delibera leis de correntes e dita maledicências intraduzíveis aos ouvidos mais exigentes. Proponho um ponto de partida que seja chegada de outro, que é pra não bater de frente com a mesmice deliberada, muito em voga em tempos passados. Hoje não. Hoje tenta-se a todo custo ser único. O único bandido escapado. O único espertinho escondido. O único monstro disfarçado. Todos únicos. Ninguém igual. Ninguém de claro olhar. Nenhum gesto que não deseje algo mais, além do ato de gratuitamente dar. Entulho. Confissão macabra da falha. Percepção de mudança pra menos. Que o 'mais' é sonho de poeta. EU SOU POETA! Tralha jogada ao borralho. Lenha de fogueira já virada em cinza. Pó que ao pó voltou antes de fazer-se gente antes de fazer-se voz antes de fazer enluarada noite quente-se. Tralha perdida nas pedras do caminho que é de qualquer um menos de Drummond. No dele não havia sangue pra ser pisado. O sangue, no dele, dançava nas veias dos bendizentes e abençoados observadores de pedras e pássaros e carvalhos. Tralha de qualquer pedra, eu, poeta, que insisto em acreditar no que ainda não vi... Ainda... 25.08.2009 - 16h

Tantos olhos

Tantas formas, tantos ditos, tantas suposições tantas barganhas, tantos retornos, tantas imposições tantos sufocos, tantos delírios, tantas ilusões tantos tormentos, tantos martírios, tantas imperfeições tantas carcaças, tantas cachaças, tantas colisões tantos boêmios, tantos lamentos, tantas alusões tantos tântricos gestos digeridos nas imensidões tantas artimanhas góticas distribuídas nas estações tantos e tamanhos gostos diluídos nas incompreensões tantos INs, tantos ONs, tantos OFFs e siglas nas confissões tantos TILs, tantas sílabas, tantas juras pagas às prestações... Tudo muito lento tudo muito astutamente lerdo tudo limitado. Folha de outono rasgando os olhos da primavera... 25.08.2009 - 10h15min

sábado, 22 de agosto de 2009

Conjecturas

Se os limites tremerem os galhos da razão e os umbrais entrelaçarem os dedos nas cortinas de fumaça soltas pra disfarçar o embaraço e o abraço do vento nas costas da serpentina rasgada de feno e suor, se o término acompanhar o ritmo lento da canção de outono e o corpo despedir as brumas nos lençóis gastos de fibras nos altos das notas musicais soltas no ar - sonoras bolhas de sabão colorido - de imagens e carcaças de sucessos não-tidos, se se esvaem as areias nas mãos que não se fecham, se prendem as sensações arranhadas de minúsculas pedras preciosas, se os agradecimentos inutilizam os sacrifícios e se os cumprimentos arrependem os colírios nos lacrimosos olhos azuis, se não adianta mais implorar ou ouvir, sorrir ou invejar, saber ou converter em moeda corrente, se não vale o ouvido atento ou a boca sincera, então as conjecturas esconderiam verdades que não virarão... 22.08.2009 - 18h30min

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Agulha no palheiro

As dobras aparecem na fé da esmola escondidas nas bainhas dos olhares disfarçados sem a noite ou sem a sombra intermediária que supre os cantos das soleiras das portas. Mangas arregaçadas no frio de inverno intentam as cotas de orvalho que me dividem em quinze sobreviventes de outras eras. As heras crescem na loucura vã dos princípios que ninguém escolheu sem imposição macabra. Pastos secos acumulam olfatos de estrelada natureza. Esvaem-se as linhas de orgulho no meio das serragens. As ferragens retorcem os brincos de prata perdidos no rasgo do riso vermelho apagado de sopetão da tela fria. Alecrim. 20.08.2009 - 23h39min

Fotografia

Rasgo fotografias. A lixeira transborda. Transpassam-me os dias. Lembranças demais atrapalham impedem o passo adiante prendem os calcanhares ao que já foi. Amasso fotografias. A paciência transporta ilusões. Andanças demais extrapolam limites penetram intimidades desprendem afetos caros. Guardo fotografias. Imagens congeladas do que existiu. Transcrevo alegrias. Pensamentos preciosos encorajam impelem o passo adiante deslizam os calcanhares ao que há de vir. É o que deve ser. O que escrevi.... 20.08.2009 - 14h11min

Ambiente

O livro abandonado na gaveta denuncia a paralisia coletiva. Nenhuma discussão que encabece a noite. Nenhuma prenda que encerre a briga. Nenhuma confissão tardia. O coro entoa um não-sei-que desconhecido e a lua não dança nem ilumina parada na sua inconstância na madrugada escura e fria. Ao canto da parede, jaz o porta-retratos vazio. O silêncio embrulha o espaço ao redor e a escuridão é coberta de mendigo proteção contra inquisidores olhares que não buscam respostas abundam recriminações. Confome o combinado o dia nasce lento. A vida segue lenta tartaruga aleijada arrastante de cascos enfileirados num caminho vacilante numa trilha sem brilho ou gargalhadas. Névoa. Tentação de equilíbrios. Os mesmos que se renderam há anos e da mesma forma se cobriram de espantos e dizeres malditos. Tudo ferve. Pedra sobre pedra é coisa do passado. Tudo explode e se contradiz. O breve instante de ver.... 20.08.2009 - 14h08min

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Laço

Um único meio de contato e o laço rompido num repente. Assim, meio sem jeito, meio sem razão, meio sem susto, ou saturado dele. O laço rompido num repente. Um botão desligado um fio cortado um frio no estômago e o laço rompido assim num repente. Deserto escarrado na areia. Frequente cordão cedido solto n'água desnuda. E o laço rompido assim num repente. Parêntese aberto perdida a direção do laço rompido repente. Rebento de silêncio não-anunciado. Etéreo sonho desperto. Laço rompido num repente. Evidente primogênito da dor o tal laço rompido num repente. Ouve, ao longe, muito claro muito nítido muito limpo o barulho da janela que se fecha. O solista já não canta. Setembro não terá flores. Só um laço rompido num repente. 19.08.2009 - 21h37min

Coletivo

Encontramos curvas nos labirintos da mente ou desmentimos os cravos das madeiras que insistem em resistir ao tempo. Enfrentamos abraços de polvos enevoadas carcaças de pólvoras amanhecidas nas conchas das mãos em brasa. Esquecemos por onde andaram nossos pés ou os açúcares das letras pintadas nas paredes das impertinências fantasticamente criadas pra desviar as canções caladas nas gargantas dos outros, que não conhecemos. Espantamos os fatos nas pontas das canetas e embriagamos as vertentes de perguntas e palpitantes vôos de trombetas. Sacrificamos o sangue de terceiros porque do nosso já não há gota nem nada mais que valha um níquel. Mostramos as fontes no brilho das frontes postadas nas portas dos orfanatos que não visitamos dos quais tampouco ouvimos falar no raso das línguas superficialmente ornadas de pétalas vermelhas de flores e coloridos vasos alheios. Montamos quebra-cabeças antigos e entoamos recitais dos quais não lembramos nem queremos nem questão faríamos não fossem os delírios de uma sociedade anônima ou de uma lucidez entranhada nas veias envelhecida de pouco uso. Caminhamos a lentos passos trôpegos e não escolhemos o destino ele é que nos separa do trigo; joio, nós, os obtusos seres que perambulam nas ruas de pedras empertigados de tolos orgulhos que morrerão conosco ou antes de nós. Té que o controle se esgote e o sol brote das raízes jamais plantadas por mãos nunca conhecidas. 19.08.2009 - 21h26min

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Coletânea

Mudo minha mudez solto a língua e destravo a hora escolho a soma e a batalha não escondo as armas as que tenho são essas essas as de que disponho. Pontuo as condições conduzo o discernimento com base no que meus olhos não vêem. Meu corpo estremece. Compactuo com o tempo que passa. A pasta engrossa o caldo e eu já não vejo um palmo quanto menos os riscos da palma da mão que me disseram que indicavam longevidade. Estou muito distante dos meus dias preferia estar longe dos meus ais... 13.08.2009 - 15h30min

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Até o dia amanhecer

Insone aventura pelos teus risos. Madrugada: suculento abacaxi. Sucessivas histórias de dois e os olhos acesos e os lábios acesos e a vida acesa na via do afeto. 12.08.2009 - 16h20min TI

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aceno o lenço branco da partida anunciada

Aceno o lenço branco da partida anunciada os avisos foram mil mil sonoras despedidas outras mil silenciadas pelo medo da hora que viria. E veio... Aceno o lenço branco da partida anunciada as composturas todas perdidas as forças todas agrupadas pra não dar trégua ao arrependimento e manter os pés na estrada escolhida. O medo da hora que viria. E veio... Aceno o lenço branco da partida anunciada jamais dirão que foi num repente jamais dirão que foi num arranque jamais dirão que foi sem medida. A medida do medo da hora que viria. E veio... Aceno o lenço branco da partida anunciada molhado d'água salgada vertida não se sabe d'onde. Jamais dirão que foi sem dor. A dor do medo da hora que viria. E veio... Aceno o lenço branco Aceno o lenço Aceno o branco O lenço O branco O aceno O medo A dor A hora A vida A outra vida Todas as outras vidas Todas as despedidas Todos os acenos Todos os lenços Todos os brancos Todos os medos Todas as dores... Tudo o que viria... O que veio... O aceno branco e o lenço da partida anunciada. O lenço anunciado e o aceno branco da partida. O branco aceno e o lenço anunciado, partido. A partida branca e o aceno no lenço anunciado. O anúncio partido e o lenço branco acenado. O lenço O aceno O anúncio O branco A partida que viria... E veio... 11.08.2009 - 15h41min

Das escolhas

Toda escolha implica uma perda perde-se tempo perde-se força perde-se sossego perde-se algo que muito se queria perde-se o fio da meada a bainha do dia a estrela sagrada Toda escolha exige que se abra mão d'algo que antes havia talvez fosse bom talvez nem tanto talvez nem deveria ser motivo da escolha outra aquela que se perdia. Toda hora cada instante cada partícula de vida é encruzilhada. E as escolhas sejam quais forem definem o agora... Amanhã... Minha escolha será hoje... 11.08.09 - 15h30min

sábado, 8 de agosto de 2009

Iguaria

Caviar? Ova de esturjão, isso sim. E sabe ser bom... 08.08.2009 - 17h19min Não é poesia? Porque?

Proporção

O mundo da minha infância
era largo e intangível milagrosamente enorme maior que uma bola de neve maior que uma tempestade. O mundo da minha infância era azul e leve bola de sabão intraduzível inalcançável espaço físico. O mundo da minha infância diminuiu... Cabeça de alfinete é o mundo da minha maturidade e eu confesso que preferia o antigo; naquele havia mais poesia... 08.08.2009 - 15h18min

De poesia e de criança

Só a poesia
e a criança
me fazem acreditar
que tem jeito.
Que tudo tem jeito.
Que tudo dança.
O resto me assusta.
O resto me entedia.
O resto é assunto pra outra instância
que eu não entendo
nem pretendo.
Só a poesia
e essa criança
o resto eu dispenso.
08.08.2009 - 15h
*Foto: minha filha

Brotoeja

Gosto de papéis amassados
reticências
e coisas antigas ...
Brotam poemas
brotos de maçã
batatas palha na folha
amassada
descartada
no canto da mesa de trabalho
onde ninguém se debruça
há anos-luz.
Reformas nas paredes da sala
e a continência dispensada
por saber que é sábado
dia de faxina na casa.
Papel de bala na cabeceira da cama.
Lâmpada apagada.
Digerida economia.
Suspeita pairando no ar:
quando é que o peito deixou de bater?
Não sei...
Não sei...
08.08.2009 - 14h32min

Absurdos

E se essa chuva tiver gosto
de bala de hortelã
na boca de uma (in)tensa manhã?
E se a tarde tiver incenso
cobrindo a avenida nua
e a rua orvalhada não der um passo
nem um martelo nem um sussurro?
E se a árvore da vida
jamais nascer de fato
e o cabo da vassoura
virar um grande retrato
no embrulho de presente
que esqueceram de oferecer?
E se a chave não couber na fechadura
e não houver outra saída
além da abóbada terrestre
onde os ETs estão de partida?
E se o bruto virar padre
e o cabelo abrilhantar o escuro
na pretensa despedida
de um sem terra ou sem estudo?
E se a proposta não passar de acaso
e o orgulho não cobrir o rasgo
feito no lençol do abuso
quando o gasto e o absoluto
simplesmente passarem da medida?
E se a conta e a perfeição
forem irmãs da conversa
e a discussão disser que não interessa
o fio da navalha estendida?
E se tudo não passar de um grande erro
ou de um tropeço
de um soluço
de um começo?
Que começo?
O começo do absurdo?
08.08.2009 - 14h15min

Amanheceu

Folgo em saber que a noite se fez dia. Dia chuvoso, é verdade. Dia triste e frio, é fato. Mas dia. Mais dia. Outro, depois da noite escura. Quantos ainda estarão por vir? 08.08.2009 - 14h05min

Ser ou não ser

Ser ou ser não há opção. Nenhuma outra escolha nenhuma alternativa correta ou não. Ser É ser. O QUE é que é a questão. 08.08.2009 - 13h59min

O Tudo e o Nada

Fera assumida desfaçatez no disfarce assola os tais dias cheios de nada mesclado a nada. É ocre a tez da noite. Lágrima engolida atravessada na garganta: câncer. A crise solta as amarras e o polvo dá cria. A prostituta gargalha uma gutural alegria. Perdidos os escritos o poeta se perderia? E o que há de comum naferananoitenocâncer nacrisenopolvonaprostituta nopoetaesuasembolias? Tudo. 08.08.2009 - 13h10min Para Sartre e Quintana; o que eles têm em comum? Tudo!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Uma pitada de polêmica

Descobri assim meio que de repente num desses costumeiros insights que acontecem com toda gente que os homens muito carinhosos aqueles que se declaram diariamente aqueles que se desmancham nos elogios aqueles que estendem tapete vermelho e juram amor eterno e juram fidelidade eterna e juram juras eternas são os menos confiáveis ainda que sejam os mais agradáveis os mais bonitinhos, os fofos demais, aqueles com quem gostaríamos de passar o resto da vida se não fosse a multidão de concorrentes querendo o nosso lugar - e tendo, de vez em sempre. Os outros, todos os outros, os que são estúpidos de vez em quando que dificilmente falam de amor que não juram nem pela pele da sogra (o que aparentemente resolveria dois problemas) que nem sabem que existem tapetes vermelhos aliás, nem sabem que existem tapetes e que de vermelho só reconhecem a bandeira do time do coração. Todos os que roncam de noite os que roncam de dia os que não ronronam nunca os que vão embora sem se despedir os que não respondem pergunta alguma os que se divertem pouco e pouco riem os muito sérios os muito aplicados os muito bonitos os que evitam falar em fidelidade os que evitam falar em eternidade os que evitam falar em cumplicidade, são os que permanecem. Não se rasgam de gentilezas mas também não te rasgam o coração; não se declaram abertamente mas também não te machucam intencionalmnte. Não são a alegria em pessoa aliás, até que são meio tristes têm mesmo certa intimidade com a melancolia e não raras vezes são declaradamente infelizes. Mas são constantes. Estão ali. Aguentam o tranco (se a gente aguentar o ranço). São firmes e oferecem segurança inclusive essa, aos trancos e barrancos. Só não lhes peça romance que tudo tem um limite... Ah, se tem... 05.08.2009 - 15h (Porque a proximidade da primavera me deixa assim: engraçadinha..hehe)

Agosto

Arrisco dizer que senti um gosto de flor no ar um tentáculo primaveril roçou-me as faces um calor de sol invadiu-me a alma. Confesso que estava com saudade dessa leveza de não ter que vestir 5 blusas por baixo do casacão de não ter que enrolar-me no cachecol largo - quase um cobertor - e ainda assim sentir frio. Confesso gostar da despedida da montanha de edredons que me cobre toda noite desde que o rigor resolveu fazer morada nesse meu longo inverno gaúcho. E o gosto de flor no ar Ah... que gosto que gosto que gosto... Mal espia pela porta fria o mês de agosto setembro libera perfumes pr'avisar que já vem entrando pelos lados dos ventos uivantes que sopram nessa minha serra de morros muitos. O que me encanta desta feita é a surpresa do gosto de flor no ar... Ah.. gosto.... 05.08.2009 - 14h30min

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma

Eu hoje escrevi feito louca pra não perder o jeito ou não perder a loucura tanto faz as duas coisas andam juntas meu jeito minha loucura minha poesia. São três? Não. Nem duas. São uma. 04.08.2009 - 16h30min

Invenção

Estou boa de inventar um outro jeito de poetar um jeito assim meio moleque de quem não se arrepende de nada dizer direito. Estou pra inventar um jeito inocente de quem está ou é meio doente meio sem pé nem cabeça meio coluna do meio sem intenção de pretendente. Estou boa de inventar um jeito contente de poetar que não conte as sílabas nem os espelhos. Que não tenha vernáculos rebuscados ou formas estabelecidas antes do começo da escrita. Estou boa de inventar um novo invento uma coisa qu'inda não exista uma vírgula no verso um raio de sol que rasgue a noite sem lua um suspiro de alívio sem dor. Faço votos que meus novos versos esses mesmos assim meio desconexos meio sem medida mancos descalços ou de saltos altos ou de pernas de pau enormes sejam mais que versos sejam gritos. Que poesia é essa coisa absurda de dizer as coisas entre os dentes e não ir dizendo nada que construa e mesmo assim ir construindo paredes d'algo que ninguém enxerga mas que todo o mundo sente. Ando com muita vontade de inventar o verso mudo ou o verso de dois quilômetros de largura ou de mais de mil metros de diâmetro. O verso número mil o diverso o reverso o que dá vontade de ver ou não. O que dá vontade de ler ou não. O que dá vontade de ter ou não. Escrito gritado manipulado desfeito maldito comprido comprimido contrafeito destoado destonado desenterrado do mito do muito do famoso "diga ao povo que fico". Fico onde, se não caibo no espaço da folha? Fico aonde, se não minto o bastante? Estou pra inventar o verso mentiroso um jeito de poetar que finja alegria ou um sorriso faceiro quando chorar era o que eu queria. Estou pra inventar um jeito amargo de poetar o verso que não sustenta a língua nem o prato quanto menos o pranto. Estou boa de inventar essa reviravolta que eu não sei de onde tiro se foi ontem se ontem se foi se se cumpriu o delito. Se gaguejo poetando se, ao poetar, gaguejo se gargarejo um poema se cruzo os braços e praguejo. Estou boa de inventar esse jeito de poetar desamassado que compara a porta ao descabelado e estremece de dó de pena e de vínculo nos fios da tomada exposta desconstruída. Estou boa de inventar um novo unguento pr'essas minhas feridas doridas... Ai... 04.08.2009 - 16h17min

Tresloucada

Tresloucada escrevo novos versos meio sem nexo algum que é pra ver se desvirtuo um tantinho só um só tantinho essa minha vontade de ser certinha a certeza que eu nunca tive o caminho que eu não cheguei a seguir. Solto os dedos no teclado e permito que eles mesmos digam o que eu não ousaria dizer de boca lavada e cara limpa diante de um espelho quebrado ou de um microfone a todo volume. Quero distância das sinceridades todas prefiro as mentiras cabeludas pra fazer tranças e longos penteados e fingir que tudo permanece intocado feito relva virgem em clareira aberta na floresta desconhecida. Permito que meus membros gritem as coisas que eu não pronuncio nem sonho em dizer sem testemunhas ou quadros de funcionários e discursos de teses sem sentido sem intenção sem conclusão precisa. Eu quero a liberdade de saber-me nua despretensiosamente destituída de conceitos e propostas oficiais. Eu quero a cicatriz que me rasgou o peito e o peito que recebeu a cicatriz. Quero a marca a trégua a régua que traçou a linha que eu não fiz que eu não pedi pra fazer mas que tenho que seguir à risca dia após dia no interminável solo aberto diante de mim. Tresloucada escrevo e digo despudoradamente o que me vai nos extremos dos membros que me bastam dos socos sovados no estômago dos santos orados olhados ocupados pelas orações que eu não pedi. Tresloucada. Escrevo... E tu não entendes. Nem deverias. Nem poderias. Nem ousarias. Escrevo mesmo assim... 04.08.2009 - 15h

Cuidado comigo.Eu queimo!

É feita de sonho essa minha vertigem de frutas do conde de restos de tijolos das construções erigidas a dedo nu. Eu mesma entalho os quadros que penduro nas paredes imaginadas das celas dos quartos dos brancos hospitais internos. Incomodo uma meia dúzia e outra dúzia e meia abençoo. Se sou artista e soo comunista ou um tantinho autista busco as rimas na gaveta vazia de dicionários extintos vocábulos ardentes nas chamas das velas que anunciam um novo amanhecer. Dolorido amanhecer radiante de raios de sol coloridos. Quem pediu pra nasceu? Quem conduziu os braços e os padrões estabelecidos anteriormente quando nem sinal de vida havia? Se sou comunista e soo autista é que sou artista da letra desconjunta. Junto verbo com verbo e sai um amontoado de minhocas famintas de entendimento. O sebo não gruda as canelas nem os prantos liberam alegorias deveras. Das Veras, dos viadutos, dos verões que evaporaram nos dias de frio sucessivos arranhões nos portões de um céu sem nuvens. Vadio. Ou do inferno. Que seja. Se sou autista e soo artista é que sou comunista sem um pingo de remorso pelas noites mal dormidas insones pesadelos desacompanhados ou mal acompanhados ou indispostos pesos nos cabelos que operaram maravilhas num mundo inexistente in-ven-ta-do. Ventania. Se sou comum se sou arisca se sou feminista enfrento a conquista e todos os xis e todos os 'ipisilons' impostos pela minha condição de ser nada num mundo vazio de milhares de pontos finais de sem números de pingos nos is de incontáveis exclamações viris. De meninos hostis. De ocos homens soltos. De zumbis. Se arrisco se petisco se permeio se costuro se entretenho se encorajo se arrebento atormento enterneço atordoo é que sou pólvora e assoalho. Não me tem nenhum povo. Não me agrada nenhum enigma. Não me prende nenhum perdão. Danço e disfarço as letras em cantigas quase insaciáveis de compreensão. Se sou delírio não me abuse. Não lamba os beiços da lua. Que o mistério é explosão. E nenhuma costura te alcança a alma depois de rasgado o desejo depois de tida a expulsão. 04.08.2009 - 14h30min

Já vai tarde

Um passo em falso e já era. Foi num tempo disperso deixou de ser sem rastro nem pegada alguma que denuncie sua estada. Foi. Já era. Perdeu o bonde o trem andando o táxi na curva do caminho bem no meio da lida num dia chuvoso e escuro. Foi Já era. Perdeu a passagem o passe, o vale, o ticket. Foi. Já era. Traduziu o reduto do meio da linha no fim da linha o fundo. Foi. Já era. Nem um assovio nem um aceno nem um deslize. Nada que indique presença presente ou passada distante ou futura nem um vestígio. Foi. Já era. Os escombros os aquedutos os restos mortais os entulhos. Nada. Foi. Já era. Um fio de cabelo o fio da navalha o fel na lábia. Foi. Já era. É tarde. 04.08.2009 - 14h10min

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Epitáfio Segundo

Aqui jaz a aurora de dias ardentes tão ardentes que consumiram a si mesmos na própria chama. Aqui jaz a fauna e a flora a lágrima solitária o riso falante o desejo latente de permanecer n'algum brilho anoitecido n'algum som difuso n'alguma gota de chuva. Aqui jaz a que nunca esteve o estudo do improviso a exaustão em forma de gente. Aqui jazem os livros os versos os sonhos dormidos os sonos despertos. Jaz meu limite meu fôlego meu intelecto. Jazem minhas duras penas minhas pás diversas meus pés velozes meus papéis rasgados meus punhos cerrados meus erros meus medos meus modos. Aqui jaz meu epitáfio. 03.08.09 - 16h

Desassossego

De todos os imprevistos o que mais me desassossega é o que vem do coração. Do meu coração essa bomba relógio que fica tiquetaqueando sem trégua e sem aviso prévio do instante exato em que vai ser tomado de susto por algum repentino clarão. Ah... É quando tudo se ajeita todos os problemas ficam pequenos todas as ilusões possíveis as distâncias transponíveis os jargões aceitáveis. É quando todo mal vira cura toda intenção é saudável todo invento é bem vindo. Quando essa bomba relógio tiquetaqueia mais alto desfaz as trevas e as tremedeiras soma raízes e trepadeiras alumia o dia a noite o tudo o toldo do mundo... E me desassossega... 03.08.2009 - 15h33min

Aridez

Ando a esmo nos ermos trilhos de trens absolutos. Sou pardal meretriz luz divina em flash. Sou solução que não se busca e interrogação que carrega em si outra pergunta. Sou flor orvalho e pimenta nas frontes de desconhecidos. Ando a esmo nos ermos trilhos da vida sem espátula ou barganha, sem despedida. Sou folha ao vento filha de Minuano neta de Sicrano e mãe desmedida. Sou parente de mim mesma e da própria comida sou irmã e confidente. Sou a exaustão e o mistério a compra sem limite a coleção de borboletas espetadas num céu de aquário em pleno inverno primaveril. Sou a opção vermelha da queda brusca imprevista. Sou trilogia; sou artista; nesse mundo de orvalho de ermos caminhos de escombros de exemplos corrigidos e de descabidos estorvos. Ando a esmo nos ermos caminhos inválidos. Onde vão dar os trilhos dos descarrilados trens que eu tomo na xícara de chá preto entre uma estação e outra entre a minha primeira e a minha segunda e a minha terceira escolha que em breve haverá de ser ex? Ando esmo ermo ... árido... 03.08.2009 - 15h34min

domingo, 2 de agosto de 2009

Flores, jardins e arco-íris

Não sei mais escrever sobre jardins, flores e lírios. Deixo os arco-íris para Alberto Caeiro e seus rebanhos. Eu falo de angústias e quedas de solidão, assombro e raça. Eu falo do que não se diz, do que se tem medo de medir, do que se evita verbalizar. Eu falo do desejo de descobrir não o que todos já saibam mas o que ninguém voltou pra contar. Eu falo do talo da flor que murcha da folha rabiscada ao lixo jogada sem piedade ou dó. Eu falo do olho que não pisca do cabelo que não se ajeita das mãos paradas no ar esperando constantemente um motivo ou não. Eu falo do que te desacerta do que anula a parceria do que paralisa o gelo. Não falo de jardins flores ou arco-íris. Falo do que te incomoda e a mim... 02.08.2009 - 14h10mim

Pendência

Se escrevo sobre a morte quero morrer? Não sei. Dorme comigo e comigo amanhece essa idéia fixa: morrer. Traduzir o mistério. Abrir o parêntese. Atravessar a cortina. Conhecer. Será penumbra, breu, solstício? Será vazio, jardim, colchão? Será uma escapadela ou eterna vigília? Buscar a resposta será coragem ou covardia? Depende do dia? Depende da forma? Depende do curso? Depende do que se pretendia? Depende de quem me encontre? Depende de quem entenda? Ou in-depende de tudo? 02.08.2009 - 13h02min