terça-feira, 27 de maio de 2008

Quintana saudade...




Para Quintana, que sopra versos ao vento, inda hoje.

Repara, observa, te concentra... percebes?

Eles vêm feito brisa suave. É preciso sentimento

e um tantinho de verdade, pra recolher seu toque nas faces.

Quintana, ah, Quintana, meu velho anjo-poeta...







Sentei-me ao seu lado.

Falamos de tudo um pouco

fantasmas, cadeiras de balanço,

anjos, ventos uivantes.

Ele ouvia mais que argumentava,

é verdade, é verdade, é verdade,

dizia, entre uma tragada e outra.

Passava a mão na cabeça calva,

sorria um sorriso largo

levemente a cabeça balançava.

E ouvia, sem pestanejar,

afinal era verdade que ele jamais

havia conseguido, em vida,

as asas ocultar...





27.05.2008 - 23h51min

Messes

Ninguém me ensinou a aparar as arestas das frestas por onde esse vento frio me invade. Ninguém cercou o terreno baldio nem sequer a sobriedade que me falta na hora exata em que pressinto teu riso solto na veia do medo que tenho de me concentrar em ti. E tu, impassível na tua mocidade, te divertes, indo embora de repente como quem não tem mais nada pra dizer. E tu, impossível na tua capacidade de fazer surpresas e de provocar desempates voltas sempre, com mil coisas pra eu perceber. E lá se vão os meses, semeadores de messes e de amparos nas madrugadas férteis. Não importam as horas excedentes. Somemos os brilhos e os assuntos desconjuntos. É assim que eu prefiro. 27.05.2008 - 23h22min