segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Epitáfio Segundo

Aqui jaz a aurora de dias ardentes tão ardentes que consumiram a si mesmos na própria chama. Aqui jaz a fauna e a flora a lágrima solitária o riso falante o desejo latente de permanecer n'algum brilho anoitecido n'algum som difuso n'alguma gota de chuva. Aqui jaz a que nunca esteve o estudo do improviso a exaustão em forma de gente. Aqui jazem os livros os versos os sonhos dormidos os sonos despertos. Jaz meu limite meu fôlego meu intelecto. Jazem minhas duras penas minhas pás diversas meus pés velozes meus papéis rasgados meus punhos cerrados meus erros meus medos meus modos. Aqui jaz meu epitáfio. 03.08.09 - 16h

Desassossego

De todos os imprevistos o que mais me desassossega é o que vem do coração. Do meu coração essa bomba relógio que fica tiquetaqueando sem trégua e sem aviso prévio do instante exato em que vai ser tomado de susto por algum repentino clarão. Ah... É quando tudo se ajeita todos os problemas ficam pequenos todas as ilusões possíveis as distâncias transponíveis os jargões aceitáveis. É quando todo mal vira cura toda intenção é saudável todo invento é bem vindo. Quando essa bomba relógio tiquetaqueia mais alto desfaz as trevas e as tremedeiras soma raízes e trepadeiras alumia o dia a noite o tudo o toldo do mundo... E me desassossega... 03.08.2009 - 15h33min

Aridez

Ando a esmo nos ermos trilhos de trens absolutos. Sou pardal meretriz luz divina em flash. Sou solução que não se busca e interrogação que carrega em si outra pergunta. Sou flor orvalho e pimenta nas frontes de desconhecidos. Ando a esmo nos ermos trilhos da vida sem espátula ou barganha, sem despedida. Sou folha ao vento filha de Minuano neta de Sicrano e mãe desmedida. Sou parente de mim mesma e da própria comida sou irmã e confidente. Sou a exaustão e o mistério a compra sem limite a coleção de borboletas espetadas num céu de aquário em pleno inverno primaveril. Sou a opção vermelha da queda brusca imprevista. Sou trilogia; sou artista; nesse mundo de orvalho de ermos caminhos de escombros de exemplos corrigidos e de descabidos estorvos. Ando a esmo nos ermos caminhos inválidos. Onde vão dar os trilhos dos descarrilados trens que eu tomo na xícara de chá preto entre uma estação e outra entre a minha primeira e a minha segunda e a minha terceira escolha que em breve haverá de ser ex? Ando esmo ermo ... árido... 03.08.2009 - 15h34min