quinta-feira, 17 de abril de 2008

Deserto

hum.... local deserto... posso dançar nua gritar para a rua disfarçar a dor de luz de lua coroar a noite escura. Posso falar besteira e estender uma esteira bem no meio da pista de dança. Posso voltar a ser criança e esperar que o dia amanheça. Mas... eu poderia fazer tudo isso de qualquer jeito inda que todos aqui estivessem inda que os sons e assovios e tambores também retumbassem batucados pelas mãos e pelos dedos dos poetas alegres ou entediados ou nervosos que eu amo tanto e que respeito. Mas... o local está deserto não há ninguém por perto e eu desconfio que vou morrer de solidão... 17.04.2008 - 20h10min

Depois do amor

Escancaro as janelas ao pôr do sol as portas estão abertas e se aproximam os visitantes. Escolho as palavras que espero fluir se escondo as escadas é pra deixar claro que não quero intrusos. Exercito a audácia no risco e recomeço de onde parti. O prato quente repousa sobre a toalha de renda improvisada e nada disso é importante tudo nada na imensidão do que considero impreciso e a solução não existe nem aconselha a experimentação. São demais os caminhos tortos e o estertor que confunde as lentes escurecidas dos óculos velhos. Nas mesas dispostas, nenhum par. Estão quebradas as pernas das cadeiras e as carteiras estão vazias de sentimentos. Um gosto de sal enche o espaço vazio e a tinta acaba bem no meio de uma frase sem sentido algum e sem destinatário certo. A televisão ligada se exibe para ninguém e os fantasmas se sentem à vontade para sentar entre os convidados ilustres e amassar as almofadas de cetim lilás jogadas sobre os tapetes batidos. Não se deu o encontro. O encanto não se fez. Depois do amor só um adeus curto e seco para se dizer... 17.04.2008- 18h01min

Sentença

Estaca cravada no peito da rima ferida inútil nascida de cicatriz amor moribundo entre almas cambaleantes soco no estômago da noite sofrida fervor de primavera em pleno gelo ártico pele de urso polar. O sol escorrega pelos anéis dos meus cabelos envermelha o horizonte perdido de vaporosas nuvens brancas envenena os sais e os depósitos de cristais azuis do quarto crescente da lua de São Jorge que desaba ao amanhecer. São pragas as pregas das roupas que não servem mais. O ensino da língua é úmido e corre o risco de secar um dia in-ter-mi-ná-vel sombra que acompanha o veredictum fatal: FINITO! 17.04.2008 - 01h03min