terça-feira, 8 de junho de 2010

Mil de mim

Duas de mim, conheço bem.


Uma me diz que não cresci

a outra me leva a crer que já morri.

Enquanto uma me alimenta de sonhos

a outra rouba-me a comida

e me quer emagrecer.

Se esta me puxa o tapete

a outra arranja um vermelho-chamativo-brilhante

pr'eu nua desfilar, sem platéia

mas também sem nenhum limite.

Uma me arrepende e culpa

a outra me liberta, arremeda o medo,

desafia o que me prende.

Esta é indecente

aquela é solidão.

Se uma ri solta e devassa

a outra sorri, e tapa a boca com a mão.

Quando aquela acredita

em contos de fadas

a outra planta bem firme os pés no chão.



Sendo duas já ando às voltas

com remédios sossega-leão,

imagine se eu, casa delas,

permitisse a descoberta

- pecado capital! -

de que dentro destas

existem outras mil...






Aos 8 segundos do dia 08.06.2010