Duas de mim, conheço bem.
Uma me diz que não cresci
a outra me leva a crer que já morri.
Enquanto uma me alimenta de sonhos
a outra rouba-me a comida
e me quer emagrecer.
Se esta me puxa o tapete
a outra arranja um vermelho-chamativo-brilhante
pr'eu nua desfilar, sem platéia
mas também sem nenhum limite.
Uma me arrepende e culpa
a outra me liberta, arremeda o medo,
desafia o que me prende.
Esta é indecente
aquela é solidão.
Se uma ri solta e devassa
a outra sorri, e tapa a boca com a mão.
Quando aquela acredita
em contos de fadas
a outra planta bem firme os pés no chão.
Sendo duas já ando às voltas
com remédios sossega-leão,
imagine se eu, casa delas,
permitisse a descoberta
- pecado capital! -
de que dentro destas
existem outras mil...
Aos 8 segundos do dia 08.06.2010