quarta-feira, 22 de setembro de 2010

In-saciável

O ar entra fundo no peito
rasga os caminhos
como rasga as entranhas
a pele estranha
que invade a espera
a mão beijada
desarma a resistência
delicado gesto
que define um Sim.
A estrofe seguinte é o Fim
sem pé nem cabeça
por conta dessa insaciabilidade
que ultrapassa o desejo
e transcende a fala
e o falo.
Fato real.



22.09.2010 - 01h21min

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Suficiente

Minha poesia mora n'algum lugar misterioso
sem sal e sem açúcar e sem pudor
desprovida de vestes e peles
desligada de letras e formas e símbolos
esquecida das convenções e regras e limites.
Minha poesia perdeu-se no último vestígio de ritmo
na casa seis da linha dupla na esquina clara
de um minuto que não volta mais.
Minha poesia migrou de mim
emigrou, imigrou, emagreceu,
exclamou um derradeiro suspiro
e voou...
pr'algum lugar misterioso
longe
longe
longe
impossível de alcançar
inenarrável
indefinível
.
Té que os princípios se bastem...



Aos 15 minutos do dia 08.09.2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Amarelo

Poças d'água molham sonhos
de liberdade e de padrões outros
opiniões e conceitos desprovidos de
voejantes folhas de outono escuso.

Respostas difusas
acompanham enigmas absurdos
e levantam outras questões.

Amanhã
as cores terão cheiro de sol...




06.09.2010 - 15h

Criação

Sem confetes ou críticas
pinga a poesia
do conta gotas d'alma...

Sem motivos ou estorvos
um verso solto
lentamente escorre
na página descalça...

Vai chover uma lágrima
no céu de setembro...




06.09.2010 - 1h22min