sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Arrependimento

Não me arrependo de ir nem de deixar de ir nem de ir indo assim, devagar. Não te culpo por ficar nem por deixares de ficar nem por ires ficando assim, de mansinho, de vagar. Não me arrependo de voltar nem de voltar a ir nem de ficar, querendo ir nem de ir, querendo voltar nem de não olhar pra trás nem de pra trás jamais deixar de olhar. Não me arrependo de não me arrepender do arrependimento que não tive nem vou ter inda que eu ande pra trás inda que, andando, não olhe inda que, olhando, não volte inda que, voltando, não queira ficar. Não me arrependo de falar o que eu não disse ou de dizer o que não podes porque a língua-coragem é na minha boca que mora e o peito forte é no meu pulso que bate. Não me arrependo de ser eu nem de ter sido nós muito menos de voltar a ser eu porque é em mim que se enraiza a tortura do que foge ao arrependimento... 28.08.2009 -23h

Arrastado rastro

Encontro o ponto do instante final
e ele não é nem tão duro
nem tão redondo
nem tão assustadoramente solitário
mas é duro e redondo e solitário
o ponto do instante final.
Encanto o fim do ponto no instante
exato em que ele chega ao seu limite
aquele mesmo definitivo
o que não tem retrocesso
o que não tem reversão
mas é pura e definida a exceção
do fim do ponto no instante.
É fato.
Não há o que fazer.
O ponto existe.
E mora no final.
O fim existe.
E no ponto mora.
Imprescindível colher a Hora.
Sem volta.
Ao invés da pegada, um ponto... final.
28.08.2009 - 22h30min

Sem ponto final

talvez tudo gire em círculos e gere um sem número de urgências talvez nada termine de fato ou de fato nada comece talvez nada aconteça talvez os exageros escorram pelos lados da boca do dia em etílicas convulsões talvez o desejo permaneça fetal eternamente fetal té que um beijo terno o torne fatal talvez a noite entorne o cansaço e o frescor entoe uma nota qualquer um esboço de prelúdio da ópera de uma vida dividida talvez o fole não seja suficiente e a improcedência da saliva encontre um canto ardente talvez a frase dance no ar e a aranha não arranhe o jarro nem brinque de saci-pererê nas bordas da janela da idade que a vaidade insiste em esconder talvez a hostilidade seja eterna e a ética não passe de uma palavra oca um toque estético pra negligência talvez não seja nada disso e a obrigação seja desmentir o todo e reescrever uma outra história nova
Atravesso a rua sem olhar para os lados e nem ouço as buzinas que obviamente voarão sobre meus ombros; pés descalços n'água gelada; concentração imperdível de uma dimensão diferente que depende do susto pra sobreviver; arranco os assoalhos e sobrevoo a torre de papel de seda; amasso os sombrios suspiros e descubro não saber se aprendi ou se desisto de ler
28.08.2009 - 19h10min

Metaforicamente

Deliciosas são as metáforas. Talvez delas eu tenha feito os ladrilhos do meu caminho. E o sal da minha vida: sabor. Metáforas deixam tudo mais colorido, principalmente quando tudo parece meio que só cinza... um tom apenas, não as muitas nuances desse mesmo cinza, que isso já seria uma espécie de colorido... hummmmm... Hoje estou prolixa... Melhor lixar as arestas e permitir que o sol queime esse resto de inverno. Metáfora? O que seria da vida sem ela? Vou casar com o Brad Pitt!!!!!!!!!!! Ah... que alegria trazem as metáforas à vida... 28.08.2009 - 10h Aí, Kersting... culpa tua...rsrsrsrs http://queropoema.blogspot.com/