quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Torre

Montei uma torre de palavras

todas elas insuficientes,

daí a necessidade de várias.

As cartas todas no armário

guardadas pra enfeite da casa.

O toque tântrico por aprender

e as pontas picotadas das páginas

do livro que estou por escrever.

A torre só sobe

em busca do céu, que é anil.
08.02.2008 - 16h18min

Escritos

Gosto da letra que escrevo e fico de olho se ela não dança na linha curva do medo que anda à minha espreita às vésperas do sonho. Gosto do cheiro daquilo que escrevo; parece canela, incenso suave, perfume de infância, de breve avenida florida. Gosto da cor do que escrevo a cor do soluço que tive, de rir contigo e sozinha, dos absurdos que a vida apronta pra gente. Gosto, principalmente, dos motivos pelos quais escrevo. Esses, guardados pra mim. São meus, não conto. Só teus olhos é que divisam, mesmo assim, de longe, os porquês desse meu dizer... 07.02.2008 - 23h15min

Paz?

Não quero paz. Eu quero o que existe. O desassossego, a procura, o instante que se perde num piscar de olhos. Eu quero a pressa, a incerteza, a incompletude. O que não vi, o que não sei, o que jamais serei. Eu quero o fundo do poço e da alma. Eu quero o risco, o rabisco, a salsa, a rumba, o merengue, de preferência cor de rosa. Eu quero algodão doce derretendo na mão. Calor de 40 graus, neve em pleno verão. Eu quero sede de beijo, abraço que não termina, risada tão alta, tão longa, tão nossa, que seja quase um desatino. Eu quero a manhã ensolarada depois da noite, em Porto Alegre. Eu quero o nervoso na tua chegada, quero o amor que se bebe. E quero antes e principalmente essa mania de querer tudo o que tenho direito e mais um pouco. Além do que alcanço, além do que mereço. Eu não quero a paz. Eu quero o estorvo, o torto, o turvo, o maldito. Quero a tua insanidade as vozes que ouvimos as mentes brilhantes que cercam o infinito. Eu quero o vôo da águia sobre a rica planície. Eu quero a língua da serpente a peçonha da aranha o veneno da vida na minha garganta no meio da minha lida. Eu quero te ver chegando de braços abertos pra mim. Eu não quero a paz. Eu quero tudo menos paz.... 07.02.2008 - 23h05min (Alina e Simone Aver)

Orações


Desde que vieste,

tudo o que construo

tem a tua assinatura.

Desde que surgiste,

tudo o que crio

tem o teu suspiro.

A tua vida invade a minha

porque se sabe bem-vinda.

A tua vida canta na minha

e enche de melodia a tarde

que vive na gente.

Somos três, com a quase

exata diferença que nos marca.

Somos três, elos

compostos de estrelas,

luzes e bilhetes de amor.






Desde que surgiste,

não somos mais duas...






Somos três...






Orações...








07.02.2008 - 02h12min

Escritura

Se estava escrito? Claro que estava! Minha vida está toda no papel cada suspiro, cada sorriso. Minha vida não poderia não estar descrita em palavras. A palavra sou eu. Sou letra ambulante esperando ser lida. Não sei se sou verso conto ou despedida. Não sei se sou letra sozinha ou história completa, na folha da vida. Mas estou escrita. Espera... Eis outra escritura na primeira metade desse meu caminho. Tu, sonho bendito. A frase que faltava. A crônica, que esperava ser escrita. Tu, sonho bem-vindo. Sopa de letrinhas pra alimentar o meu peito. Tu, alento, sossego na construção dessa que pretende ser a minha história. Não mais só minha. Agora, nossa história. Essas páginas são nossas... 07.02.2008 - 02h