quinta-feira, 5 de junho de 2008
Fatos
Encontros não-marcados
Sei de ti no conta-gotas
das horas a fio
em que sentamos juntos
e dividimos as vidas
no limite do espaço
reservado pra nós até agora.
Conservo tua companhia comigo
teus gestos, tuas entrelinhas,
todas as palavras
que deixaste de dizer
todas as delícias
que deixei de te falar.
Não marcamos nada.
Voluntariamente te procuram
minhas vontades.
Tuas histórias voluntariamente
vêm a mim.
E te encontro nas ruas, nos ônibus,
nos restos de conversas que escorrem de terceiros.
E te encontro no último fio de sol
deste dia, e no primeiro de amanhã.
E te encontro na canção que eu não conhecia
e na que tenho mais que internalizada,
na que corre pelas minhas veias,
purpúreo rio pulsante
de bem-estar contigo.
E te encontro nas memórias do que ainda não vivi
e nas minhas mais recentes preciosidades.
Não marcamos nada.
Lentamente desfiamos o instante,
como quem o encontra pela primeira vez.
Teu nervosismo me diverte.
Minha alegria te chama pra mais perto.
Não perdemos o rastro um do outro.
Escreves. Entendo.
Falo. Entendes.
Estendemos, juntos, o tapete vermelho.
Lançamos, juntos, o laço brilhante.
Juntos, nos afastamos a contra gosto
do conta-gotas
e contamos os minutos
que faltam para o que nunca marcamos.
Nem precisaria....
05.06.2008 - 18h15min
(Pq penso em tudo o que não marcamos.
O tempo todo.)
Assinar:
Postagens (Atom)