sábado, 26 de dezembro de 2009

Até a volta!!!!!!


Saí de férias, queridos leitores.
Qualquer hora dessas, volto...rs
Muita poesia
sol
música
e tudo o que tivermos direito!!!!!!!








26.12.09 - 21h

O tempo me guardou você

http://www.youtube.com/watch?v=cURJ1G-WZsQ



Composição de Ivan Lins ----------------- LINDAAAAA!!!!!!!!!






26.12.09 - 20h13min
*Como diria meu amigo Brunno, 'hoje eu sou essa canção'...rs

Vida... nova?


Ano Novo
vida velha
diferente só a época
nem sequer o estado de espírito
esse descobriu não sem tempo
que o Ano só muda no número
e que as novidades não vêm com ele
nós é que as fazemos
ou não
depende de como se deseja viver.
Sem receitas
e sem grandes expectativas
só o desejo de ter ao menos uma chance
de crescer...





26.12.09 - 2h59min

2010



Feliz Ano Novo
da minha família
para a tua;
2010 motivos
pra continuar aqui...







26.12.09 - 02h48min

Ano Novo




E lá vamos nós
de novo tudo começar
como se n'algum momento
por escolha ou encantamento
tivéssemos terminado ou dado por findo
qualquer acontecido de nosso fado.

Ano Novo é todo dia
hoje amanhã e depois
por isso feliz agora
feliz futuro
feliz sonho de viver.


26.12.09 - 2h42min

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Açúcar

Canto o galo da manhã partida.
Confesso minhas culpas.
Nunca fui tão doce...
(nem jamais serei).





Aos 5 segundos do dia 23.12.09

Arte


Pinto minha sombra
pra ver se revelo a alma
disfarçada nas cores
das maçãs do meu rosto.
Desvio a atenção da consciência
invado os princípios e os reinos
de seres impensados
e pontos inconclusos
de engodos tantos.
Recomendo descanso das águas
mergulhadas até o pescoço
da minh'alma resta apenas
escuro e borrado esboço.






No primeiro segundo do dia 23.12.09

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Outras páginas


Solto frases ao vento
escondo meus sentimentos
invento uma outra canção.
Ateio o fogo das horas
jogo fora minhas limitações
acendo as velas dos santos
assumo minhas condições.
Não vesti a fantasia
nem pesei a contradição.
Ouvi as crendices
contrapus as luminárias
e as chances várias
que talvez eu tenha tido
mas que não vivi.
Meu tempo é manco
meu tampo é surdo
meu mundo é gago
meu sal é lodo
meu rudimento é a aversão...





22.12.09 - 22h13min

Conotação

No conta-gotas
palavras medidas
desmerecida espera
desmentida opção.
São favas contadas
a estranheza tida
a contagem regressiva
a livre escolha da razão.











22.12.09 - 21h32min

Brunete

Até onde a liberdade?
Se me atrelo a um trabalho
sou escrava ou sobrevivo?
Se sou escrava e me rebelo
quem garantirá meu pão
(e os PCs, e os CDs e os DVDs
e os vestidos, as sandálias, a TV)?
Se sobrevivo e me rebelo
quem garantirá o prazer das férias
os fins de semana, o merecido descanso?
Nem um
nem outro
talvez os dois
talvez nem tanto.
Até onde a licença?







22.12.09 - 18h55min

Surpresa!

E eu
que tanto prezo a mudança
considero mais que deliciosa
a descoberta fantástica da segurança.









22.12.09 - 18h

Sinônimos

Razão







&






loucura



















22.12.09 - 02h12min

Envelhecer


O tempo é amigo das linhas de trem
que cortam os cantos dos olhos
o espaço entre as sobrancelhas
e os cantos da boca.
Só não cortam as línguas de trapo
que insistem em dizer que
depois de passado um tempo
não se pode mais fugir.
Quase sempre é possível evitar
quase sempre é possível impedir
quase sempre é possível poupar-se.
Resta saber
é isso que se quer
ou é isso que é mais fácil cumprir?
Prefiro encarar.
Espinha ereta
força no olhar.
Que as linhas de trem me perspassem
que atravessem minha tez
que contem nos riscos minhas luas todas
e todas as minhas primaveras.
Quem sabe, lá adiante, elas se cruzem
e formem, no derradeiro dia,
o molde perfeito de uma pálida margarida.




22.12.09 - 01h47min

Nuvem

Perguntas são respostas
ou provocações
são nós nas telhas de mim
ou o caos total
instalado nas minhas lenhas.
Luz
na escuridão da tarde
nos limites da lucidez
nas imperfeições do sal
sobre a alma nua.



Na primeira meia hora do dia 22.12.09
*Obrigada, Adrebal...rs

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Aposiopese


Se calas
não consinto
não faço vistas grossas
ao silêncio prolongado.
Interrompo-me também
e se reprimo meus dizeres
corro o risco de esquecer
meu discurso costumeiro.
Do mesmo modo
minha vida pára por instantes
e eu examino atentamente outros rumos.

Considero o cuidado mútuo.
Não havendo um
porque o outro haveria?





Aos 3 segundos de 21.12.09

sábado, 19 de dezembro de 2009

Temp est fugit

 





19.12.09 - 20h

Um novo final de ano...



Que todos os dias tenham gosto de picolé de laranja
ou de qualquer outra coisa que te apetecer...


Feliz Natal,
da minha família
para a tua...




19.12.09 - 19h10min
*Obrigada pela companhia ao longo desse ano
espero que estejamos aqui por muitos outros.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aqui




Acendo os faróis que iluminam o nada
noturnas criações de espetáculos
amarrados a microfones baratos...
Des-Ando pela escuridão derramada
dos pêndulos dos relógios antigos.
Ameaço espalhar silêncios e soluços
pelas madrugadas assinadas por alheios braços.
Solto as amarras e as chaves desvalorizo.
Os anéis arranham os dedos
balançam as madeixas ao vento.
Descanso a cabeça no perfume dos travesseiros.


Sentir é espantar-se.

Sou quem me perdoa
de não te ser...





18.12.09 - 22h47min

Meu bem querer

Não quero nada além
do que minha ambição me dita
de tudo o que já tenho
de tudo o que espero ver.
Quero apenas e tão somente
um gole dessa tua vinda
um milímetro do teu prazer nas corridas
e a tua companhia permanente.
Quero o suor dos teus gastos
e o rosto das tuas maçãs.
A força dos teus desejos
e o verde das folhas de hortelã
ao redor das laranjas
e das intenções irmãs.
Eu quero teu desconforto
quando minha visão te fita.
De tudo o que eu quero
o que eu mais quero
é a caixa que leva o teu nome
e que por aí perambula
pelos lados do Guaíba
com tudo o que há em TI...






18.12.09 - 21h58min

Solução




Dançam meus neurônios
na festa de despedida da lucidez
são pesos e peças descalços
no meio das avenidas vaporosas
são sons e dormências
nos fornos das casas sem guardas
sem proteção.
Bailam minhas ilusões
sobre o sangue das feridas expostas
sobre os anéis de um Saturno apagado
pintado na barra do meu vestido azul.
Rodopiam minhas permutas
entes assustados borrados de pó compacto translúcido
nas palmas de trêmulas mãos acidentadas
que não valsam nem falseiam a verdade crua.

Não perco nada do que me pertence
não penduro as chuteiras que nunca tive
nem sinto cócegas com o gás do champagne que não bebi
não bebo
não fumo
não verbalizo o que não sinto
não sopro as dores que me derrubam
nem compartilho as dúvidas que me perturbam o sono
em dia de sol ofuscante
e clara intenção de durar.

Sou treva e vento forte
geleira no norte
fogueira de escravidão.
Sou pretensão e paciência
solta nos prados que desconheço
absorta nos pensamentos
que não suam palavras
nem desmentem canções.




18.12.09 - 21h25min

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Magia


Boneca de trapo
rasgam-se os panos
que te fazem mulher...








16.12.09 - 20h53min

Porção de mim


Monto as partes de mim
pra finalmente me ver inteira
não sou no entanto
jamais fui nem serei
meus pedaços andam dispersos
um tantinho em mim
e o resto
eu
não
sei
suspeito talvez algumas muitas peças estejam
dentro da tua íris escura
perdidas nas entranhas dos teus mistérios
das tuas frases cortadas
dos teus trinta escaldantes minutos
em velozes sessenta passadas.
Monto meus pedaços
quebrados de junturas
sem o que combine
o que se confirme
o que se adeqúe
ao espaço vazio
a
não
ser
que abras mão do que guardas aí
dos bocados do que sou
ou
no mínimo
dividas comigo
esses fragmentos de mim
que mudaram de casa
e resolveram ficar conTIgo
'té que os restituas
em mil encaixes do meu quebra-cabeças
com o teu...




Faltando 2 minutos pra amanhã... Porque hoje, por enquanto, ainda é 15.12.09
e a caixa do quebra-cabeças está conTIgo...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Agora




Não diga nada
não faça versos
não minta nem omita os olhos.




Ontem se foi
perdeu-se atrás da cortina do tempo
marcou a pele
feriu o peito
plantou saudade
mas se foi.
Agora os rios
têm outras ondas
velejar traz outras luas
compreender tem mais sabor.
Agora as feridas cicatrizam
os sorrisos são mais meus
os passos dados
são os passos tidos.
Agora é o que tenho.
Agora é o que serei.





Aos 13 minutos do dia 15.12.09

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Incompletude




Cheguei antes
não avisei da minha vinda
não vislumbrei tua chegada.
Vieste bem depois
não previ tua vinda
e mesmo assim chegaste.

Cá estamos.

Eu, sabendo pr'onde ir
não sabendo onde vou dar.
Tu, sabendo onde vais dar
sabendo pr'onde ir.

Chegaste depois
bem depois
e tomaste posse das respostas.
Elas são tuas
ainda que estejam atreladas a mim...



Aos 18 minutos do dia 14.12.09

domingo, 13 de dezembro de 2009

Andança

Percorro meus instantes
meus anos
e meus versos
meus espantos
e meus empecilhos
minhas palavras
as ditas pela metade
as ditas em dobro.
Percorro meus domínios
meus desesperos
minhas indiscrições
minhas indefinições
minhas despedidas
minhas insistências
minhas acrobacias.
Percorro meus espetáculos
as pontas dos meus tentáculos
as influências que não tive
as compreensões que fugiram de mim.
Percorro as estradas desbravadas
e as evitadas, de puro medo
as escolhas perdidas
as erradas
as não assumidas
e as desencontradas.
Percorro as saudades florescidas
e as férias esquecidas.
Os nomes entalhados
e os mármores envelhecidos.
Os telhados de vidro
e os ouvidos surdos.
Os anjos adormecidos
e os sonhos amanhecidos.
Percorro as brumas
as ruas
os atalhos
as esquinas.
E não sei onde isso tudo vai dar...






13.12.09 - 23h38min

sábado, 12 de dezembro de 2009

Persistência

Brigo comigo mesma
sou mil razões de desacertos
discordo dos meus argumentos
remeto-me às últimas frases
persigo a desistência.
Prossigo.





12.12.09 - 18h29min

Conclusão

Assino um céu sem nuvens
dissolvo as línguas
descanso das falhas
desfaço os nós antigos
asseguro as próximas colheitas.
Amanhã haverá luz
nas pétalas das margaridas brancas.
Surpresa de cetim entre os dedos
dentes de sabre nas bocas de lua
santos desnudos nas capelas de rua
casas vazias de parágrafos
confissões de vozes mudas.



Aos 33 minutos do dia 12.12.09

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Diário

Assovio triste canção de dó
assumo as certezas inexatas
dos paralelos escolhidos
e das esferas lisas encontradas
nas solas dos sapatos novos rotos.
A remissão que não espero
aguarda por mim debaixo da porta
do quarto vazio de estrelas.
Imediatamente os atalhos dos eus
cobrem-se de heras
e de gratuitos espetáculos insanos.
Rotineiramente arrombo as histórias
e roubo frases pensadas
pelos meus outros ais.
Atrás dos espelhos os filmes
e os poemas únicos
as baladas antigas
e os badalos dos sinos
das demolições e dos medos.
Ameaçam as honras as horas dobradas
a dor no estômago quebra-me o corpo
e a alma é fugitiva dos sabores ocres.
O culto ao anonimato
faz namorar a indiscrição
e a chuva já não lava a alma.
Esqueço a quentura do sol.




11.12.09 - 22h47min

Nada

Ainda escrevo como sempre
(e 'sempre' é tão longo às vezes!).
Ainda escrevo com caneta de ponta fina
em agenda antiga vazia
comprada especialmente para versos
rabiscados
rebuscados vocábulos
nunca suficientes
(e 'nunca' é tão longo às vezes!)...

Escrevo insuficiências.






Aos 11 minutos do dia 11.12.09

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sobre quem somos


São as palavras que nos definem
ou nossos silenciosos gestos?
Talvez o que deixamos de fazer
ou o que foi adiado.
Talvez o que negamos
ou o que deixamos de ver.
Talvez o que não queremos
ou o que dizemos não querer.


São nossas escolhas que nos definem
ou os nomes que damos a elas?





10.12.09 - 23h09min

Despertar

Estou acordada
não durmo mais
o ponto é sempre outro
estar desperta
é que faz a diferença.
Estou acordada
não durmo mais
o outro é sempre um ponto
estar diferente
é que faz despertar.
Estou acordada
não durmo mais
o outro é sempre diferente
o ponto é o despertar.
Não durmo.



10.12.09 - 21h

Puérpera

Forço a escrita de mais um poema
só pra descobrir que ele já era palavra
antes que eu desse o toque final
antes que os braços se formassem
e abraçassem um sem número de mortais
antes da forma do feto
antes que o broto abrisse
e o pólen se espalhasse pelas linhas
tão perfeitas do caderno velho
na cabeceira da cama branca
antes das interpretações milhares
antes das construções e dos acrescentos
antes das correções válidas e in
antes dos experimentos vários
antes de deixar-me levar pelas ondas de versos
que invadem meus instantes quietos
nas madrugadas quentes dessa euforia
antes que minha idade avançasse
para além dos limites da loucura permitida
antes de tudo e de todos os ocorridos
antes de todas as conversas
antes de todas as inspirações
antes de todas as invenções
e de todas as irritações possíveis.
O poema
esse mesmo
impresso agora
já existia
n'algum lugar
além...




10.12.09 - 01h28min

Herança

Rumino os dias
quem passa não sou eu
são os princípios
o resto é resquício
de outras passagens
outros passageiros.
Descanso.






10.12.09 - 01h07min

Feto

Nascer é iniciar a contagem regressiva
festejar o começo da partida
talvez daí as idas e vindas ao longo da vida
talvez daí os eternos começos
(formas de evitar o inevitável fim?).





10.12.09 - 01h

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Hoje




Sou elo de corrente embrutecida
de cansaço e torpor
canal de cãs pintadas
e trilha no meio do nada
pra lugar algum.
Serpente de ligeiras curvas
indiscretas revelações perturbadoras
problemas sem solução.
Sou poço d'água turva
e balde transparente de canetas azuis
folhas brancas em asas de borboleta
gosto de anis dentro do café da tarde
prato de sopa de ervilha quente
arrependimento de caco de vidro
nas telhas da cancela
na dobra do origami alaranjado
que jamais conheci.
Sou imagem e semelhança de mim
e estilhaço de sonho
no telhado de zinco
de cinco loucos dedos no teclado
querendo dizer o que não se diz.
Sou uma bolha no minuto
do relógio de pêndulo que eu não tenho
um fio de cordão cinza no pescoço
que não amarra nem distrai.
Sou a única nota desafinada
escapulida porta afora da noite.
Qualquer definitiva indefinição
do toldo que cobre o túnel
da nobreza ou da completa impressão.
Hoje.
Amanhã...
Não sei...


E tu
o que sabes de mim
qu'inda não leste
nas entrelinhas da razão
ou nos degraus da partilha
onde a boca seca
é símbolo de rosa cega
e linha vazia é sinônimo de apreensão?
O que sabes dos verbos calados
e dos des-ditos aos quatro ventos
enferrujadas tempestades
de litros de algodão ensopado de luz?
Hoje.
Amanhã...
Não sabes...
(Eu, nem...)







09.12.09 - 01h29min

Sei?




*Para ampliar, clique na foto

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Filha poesia



Filha poesia , filha e mãe , inseparáveis como coração dentro do humano
poesia no papel
filha na mãe,
inseparáveis como poesia no papel
tinta no pincel
inseparáveis
filha poesia
inseparáveis
um coração que não polui,
nem tem tristeza que com o tempo se espalha em nós
mas um coração com amor de filha poesia:
inseparáveis...

(Alina Aver)




08.12.09 - 23h12min
*Poetisa: Alina Aver, minha filha - vai ver que é por isso que eu amo tanto a poesia; minha filha É!
*Foto do mesmo dia, às 20h18min

sábado, 5 de dezembro de 2009

Passageira



Ponho à prova o que construo
hoje é quase ontem
e meu ponto de partida
mora no ponteiro que não pára
nem toma fôlego
um instante sequer.
Hoje é quase ontem.
Importa guardar lembranças
recortes dos minutos que passam
que se transformam
em outros suspiros.
Talvez...






05.12.09 - 23h28min

Mensagem

Propositalmente distorço as atenções
e as tensões são espectros inofensivos
frutos de divagações e meditados instantes.

O status quo não me interessa.
Só teus meios sorrisos e teus orvalhos
teus estudos teus orgulhos teus olhares diários
tuas importâncias e tuas iluminadas transcendências.

Tranço a sorte entre os teus dedos
cruzo os meus e te acrescento ao meu rol
de duas pessoas minhas.

As duas que eu quero aqui
pra hoje, pra depois e pra além
de tudo o que conheço
e tudo o que pretendo, ainda, viver...





05.12.09 - 23h

Azul




Azulejo a vida
a tinta eu mesma faço
misturo minha poesia
co'as alegrias com que me brindas
todos os dias
em que teus dedos me dizem
o quanto TI quero aqui..







05.12.09 - 22h34min

Tempo




Dança na pele branca
a lâmina quente da palavra
na fervura arisca do meu peito
teu hálito perdido na teia
de amor desfaço as bainhas
das cortinas do tempo
tatuado nas linhas do meu rosto.
Arrastam os chinelos os dias
e o sol passeia os dedos de raios
no alvo invólucro de mim.
Marcam-se dobras na epiderme
indeléveis testemunhos da idade
manchas apagáveis à vista
inesquecíveis à alma.
Perdão.







05.12.09 - 21h33min

Suspensão


Nas canções que não ouço
gravo os acordes que não conheço
e arrasto as impressões nas teclas
de uma tradição inevitável.
Embalo os brotos de lua
e os gomos de nuvens me prendem
aos laços de plástico
aos degraus dos pacotes
que arrumei na porta da rua.
Navego.












05.12.09 - 19h02min

Descanso



Levanto da cama feita
expresso minhas linhas
sem  longas jornadas
ou vazios de estrelas.
Fecho as janelas e
limpo as vidraças
ouço os ninhos
os arbustos
os trilhos.
Argumento.









05.12.09 - 17h

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Férias!!!!!

Quase férias
descanso
banho de sol
leitura
dormir tarde
ou nem dormir
de noite.
De noite acordar
de dia dormir
(quando nascer?)
tudo trocado
tudo 'errado'
tudo diferente.
Dias quentes
coisas por fazer
fazer outra coisa
que até tenho vontade
mas qu'inda não fiz:
pintar o sete
na parede do meu quarto
no muro da minha entrada.
Talvez esquecer
talvez lembrar
talvez encontrar
ou não.
Com certeza acertar
(não?).









02.12.09 - 22h01min

Timbre



Há formas e cores e angústias
que as agonias costuram na garganta
e fecham as possibilidades de sonho.
Há contos e cantos e contas
entrelaçadas nas pontas das sombras
entretidas co's desejos de outras luas
de outros solfejos.
Há fôlegos e folgas e folhas
em branco e rasgadas de dentro pra fora
claros princípios de afogamento
no reflexo de um gigantesco espelho
habitado por um fauno enfeitiçado de
malícia e juventude.
Há compreensões e coações e compressas
nas feridas nos arranhões nos vestígios
dos telhados e das teias rasgadas das veias
por onde correm os rios de calor e verdade.
Há janelas e portas e cercas
acertos de trocas e troças de borboletas pintadas
por pincéis azuis e regulares brumas.
Há coragem e inocência e alegria
nos fios dos olhos curiosos
que escutam os passos recentes
das tintas da vida

sem culpa...







Aos 18 minutos do dia 02.12.09

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Inevitável

Algumas coisas são inevitáveis:
pensar
sentir
crer.
Pensar no que for
sentir o que der
crer no que escolher.









01.12.09 - 23h51min

Da morte trágica*




E se tudo dependesse de nós?

E se tivéssemos a faculdade de ver adiante
o suficiente pra impedir os desastres
que nos escapam entre os vãos dos dedos
e sobre os quais não temos o menor poder?
E se pudéssemos evitar as dores
e os sustos que a vida nos reserva
depois da próxima curva
e depois dela
e depois da terceira?
E se tivéssemos plena autoridade
e força e estrutura
pra proteger nossos amores
de qualquer sorte de misérias?
E se fôssemos capazes de inventar uma redoma
à prova de qualquer coisa que fosse diferente
da plena felicidade eterna?
E se, com os pés bem plantados no chão,
até admitíssemos um ou outro contratempo leve
só pra não ficarem os nossos dias
tediosos por demais?
E se fôssemos tão irmãos
a ponto de não haver nenhum interesse
em nada que não fosse para o bem do outro?

E se, 'hipoteticamente', nada disso fosse possível,
e nós aceitássemos que somos apenas humanos
sujeitos a todos os percalços de nossa condição,
inclusive descobrir que não temos culpa?

Sentiríamos, então, um tanto de alívio
das dores todas do mundo?





01.12.09 - 21h11min
*E não serão todas as mortes, tragédias?
**Foto: Instalação na 7ª Bienal do Mercosul - Porto Alegre - 07.11.09

Nascer



Poesia é a cor do papel
que registra data e hora
da tua chegada.
As dobras, os rasgos, os amassos,
o tempo que não pára,
os amigos que ficaram
e os que deixaram de ser,
as feridas cicatrizadas,
as abertas, as que nunca deixaram de doer;
as linhas no rosto,
a opacidade nos olhos,
as cãs, as lembranças,
os amores, as lutas vãs.
Tudo isso é vida
e explode na luz de cada dia,
nas novas aventuras
nos novos desejos,
nos outros desenhos de flores
ou de espinhos ou de dissabores,
tanto faz hoje
tanto fez ontem
tanto farei amanhã...
Há muito por fazer...








01.12.09 - 19h