quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ciência

A abstração da coerência é filosofia. 
O cúmulo dessa abstração 
não poderia ser nada 
além de
poesia...


















14.01.2010 - 18h32min

Anuário


Este ano
todos os passos
marcados de estrelas
todas as flechas
pintadas de neon
todas as têmporas
protegidas
todos os enganos
confinados.
Este ano
tudo outra vez...





14.01.2010 - 17h01min

Iluminado

Um sopro de luz
da tua luz
jovem e pulsante
por entre as frestas
da porta lacrada.
Nenhuma dor impede a vida.




14.01.2010 - 15h11min

Quadro

São azuis as evidentes concorrências
e as rimas se sucedem nas canções
que não ouço
por absoluta comoção.
O trânsito impede a ponta da linha
e a agulha arremata o nó
no quartzo do relógio de pêndulo
que dói em mim.
Do outro lado, ninguém.
O eco mudo
o espelho aos cacos
a fechadura atarraxada no brinco.
O status quo questionado
nas ruas escuras e desertas
de um distante sentir.
As legendas não dominam as cenas
e os domingos são outros dias
mais iguais que os seguintes.
As mensagens se acumulam na caixa de Pandora
onde persiste a esperança
ou de onde emergem demônios e dragões
famintos de cinza avermelhada.
Nem choro nem ranger de dentes
só um suspiro quase inaudível
e um lenço branco
esquecido na soleira da janela.
Fecho o arquivo.
Outras pastas aguardam significados...





14.01.2010 - 15h

Surpresa

Dizia o poeta que depois da luz segue-se a noite escura
então, digo eu, o oposto também é a verdade crua.
Foi o que eu vi, foi o que ouvi e o que pude perceber nessa jornada de hoje.





E quando tudo parecia igual
sem nenhuma significativa alteração
sem perspectiva
nem de mudança a alusão,
depois de sacramentada minha jura,
tu chegaste.
Vieste silencioso e leve
no abraço da madrugada.
Sem cuidado ou pudor
descortinaste tua história
perfumada de verdade.
Teria sido um susto
talvez fatal queda
não fosse tua quase infantil inocência.
E agora?
D'onde a força pra resistir?
Mas pra que resistir
se nada me prende
e nada me impede
de arriscar-me à descoberta
de tudo o que contigo tens aí?

Silencioso e leve chegaste
no suave abraço da madrugada.
Ao partir, sonolento e doce,
deixaste, de presente,
um beijo de sol desse teu campo bom.

E eu não poderia resistir...






14.01.2010 - 6h50min
Boa noite... ou seria Bom dia?






Amanhecer

As noites esvaziam
as mesmas rotinas
escoam as desculpas
e uma insensível desfaçatez.
As madrugadas arrepiam
as castanhas formas arredondadas
das retinas cansadas
no límpido olhar de última vez.

O dia rompe o absurdo
com sol ou sem ele
a vida segue o curso
té que se rompa a veia...




14.01.2010 - 02h43min

Armadilha

Algumas perguntas
deixo de fazer
por educação.
Algumas respostas
finjo que não sei
por absoluta covardia.
O que acaba comigo
é não ter aprendido ainda
que cair sempre na mesma armadilha
é o preço das tais respostas
que eu minto não conhecer.






14.01.2010 - 01h20min