segunda-feira, 24 de março de 2008
Pela minha cabeça...
O que me passa pela cabeça
não é palavra não é sentença
não é delírio, sequer mistério.
O que me passa pela cabeça
é só um suspiro, um certo pesar
um pensar em branco, meio sombreado
feito de vinho e profunda solidão.
O que me passa pela cabeça não é nada
comparado ao que me passa pelas mãos:
facas, cordas e estilhaços
de vidros, de peles, de algodão...
Mas tudo isso é só um suspiro...
Nada mais que um breve suspiro...
Um suspiro só...
24.03.2008 - 20h28min
o que faz um ponto... III
O universo de cada um é um mistério
igualmente diferente um do outro.
Diferentemente único.
Unicamente esquecido entre os iguais.
Destaco as folhas em branco,
da agenda vazia de sentidos e opiniões.
O alfabeto é minha estrada.
O dicionário, meu pai.
O caderno, meu fado.
O desejo de dizer, meu carrasco.
Os pontos, as vírgulas, as reticências,
meus irmãos, parentes e amigos.
A caneta vazia de tinta
minha solidão anunciada....
24.03.2008 - 01h26min
Para Adrebal
o que faz um ponto... II
Será que a alma bate
ou é a vida que bate na gente?
E se a vida bate na gente
porque é que a gente não morre?
Batida de vida corrige ou seqüestra a alma?
Seqüestro de alma enlouquece ou faz ver mais longe?
Ver vale a pena, ou seria melhor não ter olhos?
São os olhos ou as palavras que vêem?
As palavras, então, têm alma?
24.03.2008 - 01h18min
Adrebal sempre me faz pensar...
o que faz um ponto...
um ponto desata um nó
ou o nó é o próprio ponto?
o ponto é o xis da questão
ou o xis é só outro alimento?
o alimento é um nó na garganta
ou a garganta é o nó da existência?
a existência é um nó que dói
ou a dor é que é a prova da existência?
24.03.2008 - 01h11min
A partir de uma conversa com Adrebal
Da morte...
O brilho da estrela só é visto
após a sua morte. Antes disso
ela brilha sozinha, na escuridão
de um universo inteiro,
que pesa sobre ela.
24.03.2008 - 01h09min
Restauração
Prudência
Embaçado, o meu olhar
Meus olhos, anuviados,
o que traduz meus passos
em atrapalhadas trocas de pés.
Melhor ficar parada
e esperar que o céu se abra.
Dissipar a densa névoa
é obra da passagem do tempo.
Escolher o caminho a seguir
é responsabilidade minha.
Esperar é sensatez.
Calar, inteligência...
Shhhhhhhh.....
O próximo passo
ninguém deve saber...
Aos 42 minutos do dia 24.03.2008
Imagem
A luta é diária... extrapola a escultura.
Espada que trespassa o dia.
Dor.
23.03.2008- Domingo de Páscoa
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