sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Anda pela sombra, essa minha insignificância I

Recolho-me à minha insignificante
letra de mulher,
perdida n'algum ponto
entre a consciência e a embriaguez
de um verso sem rimas.
Vou pela sombra, feito cão perdido
em noite fria e sem luar.
Sem dono, sem folha branca
onde esvair os elementos
que fazem de mim quem eu sou.




15.10.10 - 01h15min

Movimentos

Eu gosto de surpresas.
Eu gosto do que não se pode controlar.

Um minúsculo espanto
um risco de sorriso no olhar
um leve franzir de testa
imperceptível mudança de traço
não-ensaiada
nem possível de repetir.
Uma Sempre Nova
explodindo dos poros
involuntariamente exposta.
Um jeito de mexer nos cabelos
um jeito de cobrir o rosto
com as mãos espalmadas
um arregalar de olhos castanhos
um movimento de íris
um dilatar de pupilas
uma indisfarçável ansiedade labial.

Eu gosto de surpresas.
Eu gosto do que não se pode controlar.
Eu gosto de instintos.





Aos 55 minutos do dia 15.10.10