Escrevo.
Vão-se meus dedos
anéis e planos
escorregando por oceanos
de detalhes, vírgulas e sensações.
Grãos de areia nos sapatos das gentes
gotas d'água nos tempestuosos copos
virados de cabeça pra baixo
sobre mesas vazias
de desconhecidos ausentes.
Escrevo.
Vão-se os suores e as permutas
os sonos e as calculadas
variações nas rotas dos cometas.
Vão-se os vãos das cartas marcadas
e as premissas de estiletes afiados.
Vão-se os meus delírios
e as minhas sacadas
os termos abstratos e as favas contadas.
Vão-se os interlúdios
os colóquios
os diálogos certeiros
as prendas bonitas
as plantas rasteiras.
Vão-se as almas de terceiros
e os nascimentos
os fins e os meios.
Escoam
quando escrevo
os meus
medos...
Aos 52 minutos do dia 27.04.2010