terça-feira, 17 de junho de 2008
Eu não sou. Por tempo limitado.
Eu sou o nada.
Eu sou tudo o que vai além
da tua capacidade de percepção.
Eu sou o que se esvai
nos minutos que não me prendem
a ti ou a qualquer outro.
Eu sou o esquecimento
em pele de mulher nua.
Eu sou o que ainda serei
e também o que jamais fui
nem tenho a menor vontade de.
Eu sou o oposto do que procuras
o oposto do que precisas
o oposto do que anseias tu.
Eu sou a esfinge e a pergunta
e a solução do enigma.
Eu sou o deserto e a metrópole,
a multidão e a solidão completa
enclausurada em campo aberto.
Eu sou tudo o que desejas
e o tudo que jamais gostarias de ter.
Eu sou a completude e
o imediatismo.
E sou a eternidade e
a dispersão.
Eu sou o que não vês
o que não tocas
o que não sentes
tudo o que provocas
tudo o que pressentes
tudo o que invoca a tua mente
irrigada de sangue quente
e de fresco orvalho da manhã.
Eu sou um sopro breve
o ligeiro movimento da cortina
o que jamais esquecerás
por toda a tua vida.
Eu sou o esquecimento
e a virtude.
O que está por vir
e o que morreu há tempos.
Eu sou quem desfila
diante dos teus olhos desatentos
e que perdes na curva do tempo
por não teres a devida explicação.
Eu sou o que não sei
o que alguém procurou
em algum lugar do universo.
E jamais
em tempo algum
encontrou...
17.06.2008 - 22h
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