segunda-feira, 29 de março de 2010

Um

Não é por milagre que somos um
Não é por acaso que sou tu
e tu entraste em mim
feito manhã ensolarada
depois da noite de temporal.
Não é por acaso que tuas carnes
e tuas vibrações me pertencem
ou que meus nervos e minhas veias
correm em ti, na eletricidade do teu som.
Não é por milagre que se entrelaçam nossos dias
e tuas trilhas se confundem com as minhas.
Não contamos os minutos
nem barganhamos os preços exigidos.
Não cruzamos os braços
a não ser que os do outro entre os nossos estejam
pra proteger os versos escritos a sangue, fogo
e cacos de vidro. Diamante.
Não é por milagre que a soma das partes somos
nós dois.
UM.






29.03.2010 - 1h22min

Surreal





Eu sou o que de mim invento
o que crio aos poucos, sem compromisso
feito qualquer outro entretenimento.
Eu sou O Vôo de Menotti Del Picchia
e as cinzas da fênix
depois do inverno findo.
Eu sou o epílogo e o recomeço
o reconhecimento à distância
a cura do tropeço.

Eu sou a dor que não mata
nem castiga, deveras.
Sou a pedra, a lua e a estrada
ladeada de girassóis azuis
virados pra esses teus olhos castanhos
que não vão mais chorar.
Eu sou o equilíbrio e o descompasso
e a entrega completa ao teu abraço.
Sou a surpresa e a contradição
num só corpo
numa só alma
num único verso
na ponta da lança
da tua solidão.















Aos 44 minutos do dia 29.03.2010