terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Inevitável

Algumas coisas são inevitáveis:
pensar
sentir
crer.
Pensar no que for
sentir o que der
crer no que escolher.









01.12.09 - 23h51min

Da morte trágica*




E se tudo dependesse de nós?

E se tivéssemos a faculdade de ver adiante
o suficiente pra impedir os desastres
que nos escapam entre os vãos dos dedos
e sobre os quais não temos o menor poder?
E se pudéssemos evitar as dores
e os sustos que a vida nos reserva
depois da próxima curva
e depois dela
e depois da terceira?
E se tivéssemos plena autoridade
e força e estrutura
pra proteger nossos amores
de qualquer sorte de misérias?
E se fôssemos capazes de inventar uma redoma
à prova de qualquer coisa que fosse diferente
da plena felicidade eterna?
E se, com os pés bem plantados no chão,
até admitíssemos um ou outro contratempo leve
só pra não ficarem os nossos dias
tediosos por demais?
E se fôssemos tão irmãos
a ponto de não haver nenhum interesse
em nada que não fosse para o bem do outro?

E se, 'hipoteticamente', nada disso fosse possível,
e nós aceitássemos que somos apenas humanos
sujeitos a todos os percalços de nossa condição,
inclusive descobrir que não temos culpa?

Sentiríamos, então, um tanto de alívio
das dores todas do mundo?





01.12.09 - 21h11min
*E não serão todas as mortes, tragédias?
**Foto: Instalação na 7ª Bienal do Mercosul - Porto Alegre - 07.11.09

Nascer



Poesia é a cor do papel
que registra data e hora
da tua chegada.
As dobras, os rasgos, os amassos,
o tempo que não pára,
os amigos que ficaram
e os que deixaram de ser,
as feridas cicatrizadas,
as abertas, as que nunca deixaram de doer;
as linhas no rosto,
a opacidade nos olhos,
as cãs, as lembranças,
os amores, as lutas vãs.
Tudo isso é vida
e explode na luz de cada dia,
nas novas aventuras
nos novos desejos,
nos outros desenhos de flores
ou de espinhos ou de dissabores,
tanto faz hoje
tanto fez ontem
tanto farei amanhã...
Há muito por fazer...








01.12.09 - 19h