terça-feira, 4 de março de 2008
Catarse
Escrever é um vício
que me traz alívio
de tudo o que me enche
e não tem por onde escorrer.
Transbordo o que me vai
por dentro de dentro de dentro
de...
Não guardo pudores neste ato
como não guardo pudores
naquele ato, é fato que
o fogo queima e levanta bolhas
e as bolas de fogo que cuspo
nas páginas brancas que lês
são meus desatinos
meus absurdos
meus impropérios
meus alfinetes
e colchetes
e remédios.
Sortilégios que se bastam
a si mesmos, exaustos de andarem
presos entre as grades das convenções
que me obrigam a andar numa linha imaginária
que eu não pintei!
Rente à vida segue a corrente maldita
da tradição.
Debato nos meus versos
a revolta que me cabe
e a que não me cabe
e a que não quero ver
e a que me cansa
e a que me lança
pra longe do universo direitinho
e estreito dos dois olhos que são um
e por isso mesmo vêem pouco
e limitam a visão do outro
por imposição
por disposição
de encaixotar o visto
e negar o existente
que está ali
nas fuças do vivente.
Esperneio pra que as cordas não me prendam deveras.
Soqueio as paredes e minhas mãos se ferem.
Choro.
Não sei para onde correr.
Busco explicações nos poetas que amo.
Alento.
Consolo.
Esperança.
Neles, esse mesmo desejo de muda.
Essa mesma gana de muda.
Esse mesmo grito de muda.
E mudo.
Emudeço.
Medito.
Sossego.
Ardo em febre.
Curo as feridas.
Suo.
Bendigo.
Mendigo um pouco de água
num deserto de belezas puras.
Purifico a mente.
Esqueço...
04.03.2008 - 22h52min
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