quarta-feira, 14 de maio de 2008

Areia

No primeiro segundo do dia o primeiro verso brota. No segundo segundo do dia não há mais versos não há mais sobras não há mais nada porque os segundos escorrem entre os ponteiros da vida e entregam os pontos. Sem retoque os próximos versos esperam ser vividos. No terceiro segundo do dia já é amanhã, e o rabo do ontem ficou preso entre as vírgulas que indefinem a frase de abertura a ser pronunciada pela nova criatura caricaturizada pelo tique-taquear dos hiatos, das ausências, das insistentes aberturas entre um e outro segundo. O próximo, muito distante do anterior. O anterior, já a virar a esquina de outrora, virado em letra e forma, guardado entre as páginas amareladas de um livro esquecido na estante ou na memória muda. Instantes... Aos 46 minutos do dia 14.05.2008

2 comentários:

Anônimo disse...

Na primeira hora da manhã, o sol ainda pálido, tranforma-se em rubro calor ao ouvir tão belos versos. É a vida amanhecendo. Parabéns!
Orlando

marcelo boetto berlusconi disse...

Entre uno y otro segundo, un infinito de vidas, de ilusiones, de sensaciones se aprietan unas con otras. Es la inconmensurable voz de la vida (la propia, la de la humanidad entera... la vida, inclusive, que no llegamos a percibir pero que nos rodea en forma de materia o de maneras inimaginables).
Entre el anteúltimo y el último segundo de éste día tuve la fortuna de leer tan bello poema.
Gracias por eso... y por tu luminosa presencia en mi blog.
Nos seguiremos viendo aquí y espero que allá también.
Un beso