sábado, 17 de maio de 2008
Fotografia
Paraliso o instante que quero guardar
- são tantas as horas que ficam pra trás -
os sonhos contidos, as lembranças criadas
baús de tesouros incalculáveis na energia
condensada numa folha de papel especial.
Areia movediça.
O presente remete ao passado num piscar
de olhos e de lentes automáticas.
Os teus olhos
as minhas lentes
as tuas lentes
os meus olhares para um horizonte
que se encerra logo ali
quando o retrato se rasga
feito véu apodrecido
de noiva largada no altar.
O álbum embrulhado pra presente
caixinha de música inaudível
que teima em tocar na mente.
A canção do primeiro encontro
do encanto do brilho no olhar
a canção do primeiro beijo
do encanto do brilho no olhar
a canção do primeiro sonho
do encanto do brilho no olhar
a canção do primeiro adeus
do desencanto da lágrima no olhar.
A eternidade presa na imagem.
Areia movediça
para o bem
ou
para o mal.
Decide quem a tiver que pisar.
17.05.2008 - 20h45min
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Amiga Si, a eternidade é aqui e agora, não nos iludamos, nada tá por vir, tudo está à nossa disposição, precisamos saber ouvir, ver e sentir o momento de aproveitar. Não há esperas! há momentos!...
orlando
Oi Simone!
Há momentos que a gente devia embrulhar em papel de presente e guardar pra poder abrir no Natal. E você deixou muito claro essa necessidade do ser humano de querer reviver momentos inesquecíveis. Sua sensibilidade chegou aqui desse lado e minha alma sorri agradecida.
Um beijo.
Eu, em desesperança profunda, joguei pela janela a fotografia de nós dois.
Ela se foi bailando leve e triste pelos cantos do mundo.
Se alguém encontrar o retrato, faz favor de imaginar que fomos e que somos felizes; e que há amor. Pois enquanto houver alguém que acredite na existência deste amor, ele, de alguma forma, permanecerá vivo.
Postar um comentário