segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dela, a morte

Ninguém sabe o que ela é se é homem, se é mulher, entidade, conceito, monstro. Ninguém a viu de fato e voltou pra relatar, exceto Lázaro e Cristo, que estiveram pelas bandas de lá. Alguns morrem em vida essa, talvez, a morte mais dolorida; extinção do brilho do olhar, escravidão que se escreve no ar na ausência de motivos pra sonhar. Nem rei, nem mendigo errante basta ser humano, pra um dia acabar entre velas, lágrimas e flores, lamentos, dor e saudades de amigos, família e amores (e jamais se volta, pra contar). Alguns juram que há luz no fim do túnel que vem dos queridos, que vêm te encontrar (eu, porém, disso duvido). Para outros há trevas, delírios e martírios gritos medonhos de gargantas mudas. Muitos fantasiam anjos e festa no céu - permanente festa e alegria - pelos que voltam pra lá, depois de nascer um dia. Outros ainda se agarram às Escrituras e crêem num sonho eterno - eterno, até a volta do Messias - (morre-se, então, um pouco, ao dormir, todos os dias...). Mas o mistério continua e nada há que se confirme: se morro de tiro nas ruas, tortura, derrame, vício, distúrbio, alergia, se a vida se esvai de minhas veias da noite para o dia. "Nasce o Sol e não dura mais que um dia"* o fato é esse, incontestável e único: ela vem. E sempre é cedo. Não importa se são meses, não importa se cem anos. É sempre cedo. A gente sempre não queria. Pois ela não nos ronda nem nos cerca. Mora em nós. Alimenta-se dos nossos dias. Não mede forças co'a vida nem dela é inimiga ou antagonista. Apenas protagoniza a pior das horas de todos os que ficam e assistem os que se vão: as despedidas... 24.08.2008 - madrugada*Verso de Gregório de Matos

Nenhum comentário: