segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Psico - A Poesia

Há que se exercer controle
sobre si mesmo
sobre as circunstâncias
sobre a insensatez
sobre a sisudez
ainda que os ritos
matematicamente impostos
não passem de rituais
castrantes das possibilidades
que se valem das manhãs ensolaradas
de um abril que nunca vem.
Há que se exercer controle
sobre as manias
que atropelam as calmas
e impõem seus próprios
alucinantes ritmos
que jamais se detêm.
Há que se exercer controle
sobre as horas malditas
que escorrem dos relógios de pulso
expostos nas vitrines
dos impulsos protegidos por alarmes
guardados dos desejos dos olhos
nos bolsos vazios de moedas furadas.
Há que se exercer controle
dos ventos dois de agosto
dos perfumes primaveris de setembro
das espalhafatosas infâncias de outubro
das presenças infames
do resto do ano invisível e infeliz.
Há que se engolir desgostos
desgastar as preces
invalidar vertigens
proteger o peito
dos entulhos desvairados
que sobre ele esvaziam
os atlas, mapas diariamente mundi.
Mundanos espaços
de estoques controlados.
Há que se controlar as loucuras
indecências
incêndios
impertinências
impotências
inaceitáveis verbos hostís
incalculáveis doçuras.
Doçuras?
Sim, há que se controlar as doçuras
e os afetos
e os infectos
e os desertos.
Há que se cultivar incertos.
Há que se distribuir desperdícios.
Há que se mesclar orações
religiões
recomeços.
Há que se exercer controle
sobre si mesmo.
Caso contrário...
08.09.2008 - 12h15min

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