sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Dizer
Tenho mil crônicas
atravessadas na garganta
e milhares de palavras
reclamando o direito ao grito.
Direito conquistado
a suor escorrido na testa
mesmo gosto da silenciosa lágrima
que mancha meu rastro
na estrada aberta por mim.
As pérfidas razões
dos verbos-espadas
que cortam as não-palavras
caladas
soam confusas em suspiros
sem significância (in?) alguma
nessa minha realidade (i?) vertida
sabe-se lá de onde.
Cortam-me os pulsos
os pesos das frases
que pousam sobre lugar algum.
Coerência é coisa pra poucos
escolhidos a dedo;
e eu não sei por quê
mas não sou deles o um.
Os estalos do telhado
que a chuva fere
são contratos jurados de morte
pela extensão dos vocábulos proferidos.
Fusão de dizeres.
Fartura presa na língua.
Não-dita.
Silenciada.
Engolida.
19.12.2008 - 10h15min
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário