segunda-feira, 11 de maio de 2009
De tempos em tempos
Cadê o resto?
I
Bar deserto
sono chegando
poeira no ar
poeira de falta
de ausência sentida
de inexistente publicação
ou quem sabe
pois não?
Ei, vejo um vulto na calçada
será o poeta quieto?
será uma libélula irriquieta?
será um será qualquer
que eu não sei definir
mas que também não importa
se souber discernir
entre um prato de sopa
e uma sopa de orvalho
ou de ervilhas
ou de letrinhas
nas linhas desse caderno amassado
que hoje debaixo do braço
trago.
II
Trago um gole da vida
que empoeira os olhos
e mareja os lábios
entre o cumprimento
e a despedida.
O bar deserto desperta o desespero
e a esperança é só uma palavra
que dança entre os lençóis
de seda ou de cetim ou de algodão mesmo
já que não faz diferença
quando o que se quer é só poetar
ou cambalear entre os dedos
d'algum cientista louco
disfarçado de professor de educação física
que tem coragem de encarar o mundo
de frente
de verso
de um único poema assumido
e que valeu uma vida
- a minha vida -
nas palmas das mãos escritas.
Espelho.
11.05.2009 - 21h
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Um comentário:
Há um poeta que vive entre a espera e a busca. É incansável nessa luta, mas não voa. Seus olhos buscam a luz dentro de uma escuridão espontânea. Nada vê, tudo sente e mente que é feliz.
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