sexta-feira, 5 de junho de 2009

Criação

Pesco palavras
de terceiras línguas.
A embocadura do sax
não encaixa nas veias avessas
e nas filas sem senha
que assanham os botecos e os livretos
de impostores e viciados pastos
secos de armadilhas e ardis.
Quebram-se as passarelas enevoadas
de quentes hálitos cafeínicos
e chocolates brancos quebrados ao meio
derretidos nos bolsos vermelhos
de sonhos imperfeitos sabores impensados
nem um pouco sutis.
Esmiuço as colunas gráficas
do acervo de insistências
e despedidas acumuladas
pra desmontar motivos
e compreender propósitos
que escorreram dos minutos cegos
em que atentar contra meus próprios versos eu quis.
As mesmas palavras pescadas
de terceiras línguas
em veias devassas
sem senhas
ou sonhos
ou assanhados ardis.
As mesmas palavras
redentoras de poemas
e de problemas que brotam sem trégua
das línguas de terceiros
nos traços que eu fiz.
Assustadoras armadilhas senis.
05.06.2009 - 16h12min

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