segunda-feira, 27 de julho de 2009

Pensamento

À mesa de trabalho solto meus punhos escrevo sem sentido e sem sentir carrego meu mundo saco de vento e letra hermeticamente fechados. Os fios de encaracolado negrume despencam pelos ombros querendo voar. Querendo vaiar o tempo cumprimento a orla e o estribo; estreito as vias das veias e as velas são formigas companheiras que eu não deixei de arranhar. Desintegro a mão apertada na cintura e o espanto de pontas e prantos é produto dos ponteiros frios que aplainam as prateleiras dos panos de prato que destruí de tanto esfregar. Reedito minhas opiniões quantas vezes forem precisas. Navegar é preciso, diria Pessoa; impreciso é navegar, diria eu tanto quanto o é, viver. Variar estações e o tapete estender de flores às provocações; coisa de hospício e de delirantes vestimentas que assumo nos meus dias como se minha cara tivessem; como se minha cara teriam. Desmaio na tentativa. Corrijo o que carrego. Corro morro acima. Corroo minhas tramas. Coroo meu próprio medo. Sem ele não dou passo nem possuo. Sem ele não obstruo. Sem ele não obturo a pena nem ocupo o lugar que me é devido. Bem ou mal ele existe. O meu lugar. O lugar vazio. 21.07.2009 - 13h51min

Nenhum comentário: