segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Movimento
Invado a tenda e grito NÃO!
Corto o fino e delicado umbilical cordão
e lavo os panos sujos de sangue seco.
Espero a redenção inexistente
na irrevogável escolha de ir.
Não olho pra trás
nem sinto meus pés dormentes.
Alcanço um invejável estado de calma
depois da explosão
expulsa d'onde nunca estive de fato
d'onde jamais estaria.
Nenhum argumento seria suficiente
para colar-me às mãos letras mortas
portanto não tente entender
nem crucifique minhas entranhas
nos paus da crueldade cética.
Não tenho medo da troca
nem da confiança.
Desconfio do intruso
e me intrometo nas minhas próprias escolhas
como se o abandono fosse só uma estrada
ou só a pétala de uma outra flor
que eu desconheço
embora pressinta o perigo
que exala o perfume
da estrela distante.
Passagem.
31.08.2009 - 22h30min
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