quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Voejar

Voo a pé
talvez chegue mais tarde
mais devagar
mais cansada;
talvez, às vezes,
desista,
e volte atrás
na nuvem da rua 2003.

Voo a pé
faço bolhas
e machucados
nas plantas dos caminhos
entre os dedos das ruas
que trilho, na pressa
de chegar onde não sei.

Voo a pé
e não presto atenção
se ao meu lado seguem
cegos ou videntes astutos;
meu desejo é alcançar o destino
pintado na pedra da vida
antes mesmo d'eu nascer.

Voo a pé
sem asas ou bengalas
de hastes de bandeiras e margaridas brancas
sem diferença alguma entre umas e outras
ou entre os dentes e os ossos das pernas nuas
debaixo do lençol de soft
qu'inda não tirei da cama deste persistente inverno.

Voo a pé
sou som
imagem e lembrança
no meio de uma tarde qualquer
ou numa madrugada afinada
de um reflexo iluminado
por um par de jovens sobrancelhas negras.

Voo a pé
encerro o dia
cerro a cortina
assino a obra.






Aos 9 segundos do dia 12.11.09
Um voo raso
por um meio sorriso teu...

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