A Arte é essa dor que me rasga a alma,
e caminha comigo,
afrontando meus estigmas,
enfrentando todos os alguéns
que atravessam minha garganta fechada.
A Arte é a maciez do toque à deriva,
a palavra relevante jamais dita,
a luz ofuscante que meus olhos cegos não vêem.
A Arte é meu deus,
meu Eros,
meu Zeus,
meu prazer,
minhas tarefas diárias todas,
escrevinhadas na parede da sala de visitas
onde eu não quero estar.
A Arte é o reles cisco no olho das fadas
que não existem
e de cuja existência a bailarina e o príncipe desconhecem,
mas suspeitam,
quando passeiam pelas minhas veias,
secas de sangue puro.
A Arte é meu médico,
minha alma,
meu homem.
O poder que me desvenda e
a explicação que eu nunca tive.
A cegueira que tateia meu corpo e
a força bruta que determina minhas escolhas.
A régua que traça linhas tortas na
minha vida toda descoberta.
O livro que me telefona na
madrugada e o bêbado
que eu não suporto,
preso às pontas dos meus dedos,
cambaleando na folha virgem.
A Arte
é a mensagem que recebo diuturnamente,
e que não entendo.
A resiliência que me acompanha,
apesar dos meus protestos
e frequente cansaço.
Arte é vida.
E eu vivo nela.
Ricamente vestida de emoção intensa.
Pra sempre.
28.02.2010 - 14h
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